Maturidade digital: hospitais brasileiros precisam investir em capacitação e estratégia
06/02/2023

A maturidade na transformação digital pode levar o setor de saúde a outro patamar de eficiência e inovação. Ainda que muitas instituições estejam investindo nesse processo, o caminho para alcançar essa maturidade é longo, sobretudo entre os hospitais brasileiros. Desenvolvido pela Folks, consultoria especializada no tema, o Índice de Maturidade Digital para Saúde (em inglês Digital Maturity Index for Healthcare - DMI-H) analisa duas grandes dimensões: adoção de tecnologia e preparação para a jornada digital.

O recorte feito no final de 2022 aponta que o nível de maturidade  digital das instituições é de 44% (numa escala de 0 a 100). 
 

O Mapa da Transformação Digital nos Hospitais Brasileiros 2022 é uma pesquisa viva, que está sempre acontecendo, na qual  hospitais participam voluntariamente respondendo a um questionário on-line. A pesquisa ajuda  empresas se localizarem em suas jornadas. O resultado é uma amostra de 175 hospitais que participaram da pesquisa, mas que não reflete um estudo nacional.

O nível de 44% representa o segundo estágio dos quatro níveis de maturidade, o de evolução. Esta etapa é caracterizada pelo uso de algumas soluções básicas e pela compreensão da importância da transformação digital por parte da liderança.

 

Ainda há uma percepção equivocada de que a transformação digital se restringe ao investimento em equipamentos, quando na verdade ela envolve muitos outros aspectos”, explica o CEO da Folks, Cláudio Giulliano.

A análise da Folks avalia duas dimensões: adoção de tecnologia e preparação para a jornada digital, e cinco domínios: serviços e aplicações, infraestrutura e arquitetura, dados e informações, estratégia e governança, e estrutura e cultura.

Na análise que abrange o período de 2019 a setembro de 2022, Dados e Informações (com índice 32%) é o domínio com maior espaço para avanço, seguido por Estratégia e Governança (35%), Estrutura e Cultura (40%), Infraestrutura e Arquitetura (43%) e Serviços e Aplicações (50%).

 

Mindset de inovação e capacitação para maturidade digital

Embora o índice apresente um avanço, olhar mais de perto para alguns aspectos da pesquisa ajuda a compreender que, muito mais do que tecnologia, a transformação digital demanda uma mudança de mindset.

Os líderes reconhecerem a transformação digital como relevante para a instituição é um dos critérios avaliados pelo índice. Muitos admitem essa importância, no entanto, apenas 13% das instituições participantes conta com um plano estruturado para promover essa transformação. “Existe uma grande diferença entre dizer que a diretoria conhece o assunto e está afim de fazer, e a que tem um plano”, ressalta Giuliano.

A cultura de inovação também é determinante no avanço da maturidade digital das organizações. Empresas que estão focadas em modelos mais modernos de gestão e que cultivam essa cultura tiveram mais avanços. “O que faz a transformação acontecer são as pessoas, os líderes. É necessário um mindset digital”, avalia.

Dentro desse aspecto, o investimento em capacitação digital das equipes também é necessário. “70% dos hospitais avaliados não têm um programa de capacitação digital dos colaboradores”, destaca. Com os treinamentos sobre tecnologias e os impactos que podem trazer dentro das organizações, as equipes podem contribuir mais com o avanço na transformação digital.

Ainda envolvendo o pilar de pessoas dentro da transformação digital, a integração e colaboração interna entre os profissionais e ediferentes áreas aceleram o amadurecimento digital dentro das empresas. “Tem que promover colaboração interna. Geralmente nos hospitais,  tem ‘o pessoal da TI’ e  os gestores/profissionais de saúde, precisa estabelecer diálogos mais comuns entre eles”, reforça Giuliano.

Neste contexto, o papel do profissional de saúde digital é muito bem-vindo.Médicos e enfermeiros que estão se especializando em saúde digital são estratégicos dentro das instituições para estabelecer o diálogo. “Essa necessidade não é tão percebida pelos hospitais. Só 7% das instituições participantes têm profissionais com esse perfil e são parte dos grandes grupos. Profissionais de saúde que conhecem arquitetura de sistemas, padrões, e processos, e trabalham orientando como a tecnologia vai ser adotada”, analisa.

Por outro lado, também falta profissionais com essa formação no mercado. “A boa notícia é que médicos e enfermeiros descobriram essa área. Éuma evolução na carreira, muitos profissionais buscam pós-graduação em saúde digital fora do Brasil. Faltam cursos especializados nessa área. Nos Estados Unidos, há a especialização em Informática Clínica, no Brasil ainda não há. Isso está sendo trabalhado com Conselho Federal de Medicina por meio da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS)”, relata.

Evolução da tecnologia na maturidade digital

O levantamento da Folks aponta ainda que Dados e Informação é o domínio que mais tem espaço para crescer dentro das organizações participantes. O índice alcançado é caracterizado pelo uso de algumas tecnologias básicas por parte dos hospitais.  

“O básico ainda é a adoção de um sistema de gestão hospitalar que acompanha a operação. Muitas estão trocando os sistemas, a base ainda é estruturante. Quem já tem este tipo de sistemadetém uma base mais sólida, já estão trabalhando em estruturar informações clínicas e adotar tecnologias de apoio à decisão clínica, com ou sem inteligência artificial”, aponta o CEO da FOLKS.

A evolução acontece com a integração da Internet das Coisas Médicas,  do uso de AI e das tecnologias voltadas para o uso de dados. O próximo passo para o amadurecimento digital é as tecnologias para o digital front door, no qual todas as interações com o paciente estão integradas, como ponto de agendamento on-line, aplicativo, CRM e telemedicina.

“Tudo isso é fonte de investimentos. Os hospitais estão investindo e aumentando a sua maturidade digital. Mas vale lembrar que a reparação para a jornada digital inclui tecnologia e pessoas. O hospital compra a tecnologia, mas se ele não treinar o médico em telepropedêutica, por exemplo, não adianta. Como faço um exame, se eu não treinar o médico? É uma mudança de cultura. E para mudar cultura, precisa mudar resultados.e Ao verem novos resultados, as pessoas passam a enxergar outras possibilidade”, finaliza.

O questionário sobre o maturidade digital segue aberto na página da Folks. Para participar, acesse: DMI-H | FOLKS.





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