Berkley foge de 'guerra de preços' para crescer em seguros no Brasil
Valor Econômico
06/03/2013

Berkley foge de "guerra de preços" para crescer em seguros no Brasil

Por Luciana Bruno | Do Rio

Tendo como carro-chefe o seguro garantia para projetos de infraestrutura, que cobre a entrega de obras e serviços conforme o contrato, a seguradora americana Berkley pretende ampliar sua atuação no país este ano focando em pequenos e médios negócios gerados em torno das grandes obras. Para o fundador da seguradora, William Berkley, que visitou o Brasil recentemente, porém, o mercado de seguros do país ainda é pouco rentável e tem muito a evoluir em termos de avaliação de riscos.

Durante visita a São Paulo e Rio de Janeiro, o fundador da seguradora criada em 1976 e atual presidente do conselho, disse ao Valor que há muitos competidores estrangeiros entrando no mercado brasileiro e que estão aprendendo a atuar no país "pelos erros". Para Berkley, o valor dos seguros (prêmio) cobrado por aqui estão muito baixos e os concorrentes não estão sendo "suficientemente cautelosos com os riscos".

"O Brasil não é um mercado tão desenvolvido quanto parece. Acredito que a competição por preços pode causar perdas substanciais para algumas empresas que estão entrando no mercado", disse Berkley. Segundo a seguradora, essa concorrência tem derrubado os preços dos seguros garantia, que caíram 50% no ano passado.

Para evitar disputar o mercado com grandes concorrentes de garantia, como a J. Malucelli, a seguradora optou por focar em projetos de pequeno e médio porte, em estratégia semelhante à de seguradoras como a Cesce Brasil e a Argo.

A Berkley encerrou 2012 com uma carteira de R$ 100 milhões no Brasil, incluindo seguros garantia, transportes e ramos diversos (risco de engenharia, equipamentos e eventos), e pretende crescer 50% este ano. A estratégia terá como viés o crescimento regional, a partir dos escritórios de Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. O lançamento de novos produtos, como o seguro de responsabilidade civil e empresarial, também está no horizonte.

"Deixamos de fazer muita coisa no ano passado que poderíamos ter feito", admitiu José Marcelino, presidente da Berkley no Brasil. "Para alcançar os R$ 150 milhões, vamos fortalecer regionais, reestruturar a regional São Paulo, qualificar equipe de vendas e trabalhar na nova linha de produtos."

"Em 2013 alguns grandes projetos devem andar e eles vão alimentar a cadeia como um todo", disse Marcelino, citando como exemplo as obras do Rodoanel em São Paulo e a concessão de estradas. "Os megaprojetos não são o foco da Berkley por várias razões, como a necessidade alta de resseguro", explicou.

A Berkley projeta que o país vai crescer 3,5% este ano e que muitos projetos vão sair da gaveta no segundo semestre. Para a seguradora, o grande gerador de negócios é o próprio governo. Apesar de não atuar diretamente com o setor público, a Berkley tem como clientes empresas envolvidas nos pequenos empreendimentos em torno das grandes obras.

 

© 2000 – 2012. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico. 

Leia mais em:





Obrigado por comentar!
Erro!
Contato
+55 11 5561-6553
Av. Rouxinol, 84, cj. 92
Indianópolis - São Paulo/SP