Como repensar o SUS?
05/11/2015 - por Fernando Cembranelli

Vivemos tempos difíceis, onde muitas coisas revoltantes estão acontecendo: descaso com a educação através da diminuição do FIES (que pátria educadora é essa?), descaso com a segurança, com cidadãos sendo fuzilados ao errar a entrada numa favela no Rio de Janeiro, descaso com os impostos pagos pela população que já representam 35% do PIB e parecem insuficientes frente à gana devoradora do governo,  descaso com nossa saúde, que vem sofrendo atrasos e cortes de despesas num momento em que cada vez mais cidadãos dependem do Sistema Único de Saúde (SUS).

Pessoalmente, esta semana tive o prazer de voltar à Escola Paulista de Medicina, no serviço de oftalmologia da UNIFESP, um dos melhores do país e, apesar do serviço cheio, em cerca de uma hora e meia fomos atendidos por um excelente profissional, que fez exames complementares e, ao final, além de nos dar um diagnóstico apurado e dizer os procedimentos terapêuticos a serem realizados, fez um relato trágico, indicava a cirurgia, mas esta não poderia ser realizada no SUS, pois a escola está realizando apenas seis cirurgias por mês daquela modalidade, por absoluta falta de material. Ou seja, o hospital, os profissionais, a infraestrutura estão lá, mas os materiais necessários para realizar o procedimento não.

Como lidar com a falta de materiais no Sistema Único de Saúde? Os pacientes deveriam ser permitidos a trazer estes materiais e realizar a cirurgia no SUS? Como deveria ser o nosso SUS?

Vídeo: Repensando a Saúde Pública Brasileira (Fernando Cembranelli)

Em primeiro lugar, é necessário maior transparência no sistema, com dados disponibilizados na internet sobre procedimentos realizados, fila para cada procedimento, bem como os custos de cada procedimento e quanto o SUS remunera pelo mesmo.

Em segundo lugar, é necessário repensar o SUS. Quem tem condições de arcar com tratamentos de saúde deveria ser responsável por pagar parcial ou totalmente seu procedimento. Quem não tem condições de pagar, deveria continuar não pagando por seu tratamento.

Em terceiro lugar, é preciso deixar que startups e inovações disruptivas impactem positivamente nossa saúde pública. Como serviços como Dr. Consulta e Sorridents podem ser complementares aos serviços púbicos de saúde ? Como reduzir os custos de atendimento da população sem deixar cair a qualidade ? Como envolver startups para repensar a saúde pública no Brasil. A saúde pública e o SUS não podem ficar de fora da revolução representada pela saúde digital e utilizar a inovação aberta para trazer melhoras significativas para a saúde.

Para finalizar, não podemos lavar as mãos e deixar que o sistema único de saúde deixe os brasileiros cada vez mais desamparados, frustrando um direito universal garantido pela nossa Constituição de 1988. É cada vez mais compreensível o crescimento da judicialização na saúde, que promete atingir R$1 bilhão em 2015, tendo em vista que o Estado não provê um direito previsto em lei, nada mais justo que buscar o cumprimento deste direito na justiça.

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