A decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 10% sobre a importação de dispositivos médicos brasileiros, onde a maioria dos produtos eram isentos, pode surpreender positivamente o setor nacional. Para a ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos), embora a medida represente um desafio inicial, ela também abre uma oportunidade concreta de crescimento para o Brasil no principal mercado comprador dos nossos produtos.
Isso porque países como China e membros da União Europeia foram atingidos com tarifas ainda mais elevadas, o que posiciona o Brasil de forma mais competitiva no mercado americano — destino principal das exportações brasileiras do setor.
“Este é um momento estratégico para a indústria nacional. A qualidade dos dispositivos médicos brasileiros é amplamente reconhecida no exterior, e podemos ampliar nossa presença nos EUA com inteligência comercial, inovação e diversificação de portfólio”, afirma Paulo Henrique Fraccaro, CEO da ABIMO.
Em 2024, o Brasil exportou US$ 1,17 bilhão em dispositivos médicos — alta de 24,6% em relação ao ano anterior — com vendas para mais de 190 países. Só os Estados Unidos absorveram grande parte desse volume. Diante do novo cenário, a ABIMO reforça a necessidade de um planejamento estratégico para sustentar o crescimento e posicionar o país como alternativa viável a fornecedores asiáticos e europeus.
Atenção redobrada no mercado interno
Apesar do cenário externo promissor, a Entidade alerta para um possível efeito colateral: a intensificação da concorrência no mercado interno. “Com tarifas mais altas nos EUA, países impactados buscarão outros destinos para seus produtos — e o Brasil pode se tornar esse alvo”, analisa Fraccaro.
Outro ponto de atenção está no aumento dos custos de importação de peças e insumos essenciais à produção, já que nenhum país é autossuficiente nesse setor. Por isso, a ABIMO defende o fortalecimento da política industrial brasileira, com foco em estímulo à inovação, internacionalização e competitividade.
“Precisamos garantir condições adequadas para que a indústria nacional cresça com consistência. O momento é favorável, mas exige ações coordenadas entre setor produtivo e políticas públicas”, conclui o CEO.
Esse é o cenário atual, mas ele pode mudar a qualquer momento, à medida que os Estados Unidos revejam suas decisões e implementem novos ajustes em sua política comercial. A ABIMO seguirá acompanhando de perto os desdobramentos e reforça a importância de o Brasil estar preparado para reagir com agilidade às transformações do mercado global.