A medicina personalizada tem evoluído significativamente com os avanços da genética, permitindo tratamentos mais eficazes, adaptados às características individuais de cada paciente. Diferentemente das abordagens tradicionais, os cuidados são definidos com base no perfil genético, o que proporciona maior precisão e pode contribuir para uma maior agilidade no desfecho clínico.
Uma das áreas mais promissoras é a farmacogenômica, que estuda como os genes podem influenciar a resposta a medicamentos. Um exemplo dessa inovação é o exame PharmOne, disponível no Brasil desde 2020, que tem sido especialmente útil em tratamentos de depressão e ansiedade, permitindo aos médicos recomendarem com ainda mais assertividade o medicamento e a dosagem mais adequados a cada pessoa.
Com uma coleta simples de swab bucal ou sangue, o PharmOne avalia 31 genes e suas interações com mais de 200 medicamentos. Esse tipo de análise permite uma terapêutica otimizada para o paciente, tornando o tratamento mais preciso e pode-se evitar eventos adversos e falha terapêutica em determinados casos.
Além de apoiar a escolha de medicamentos, a genômica também desempenha papel fundamental no diagnóstico de outras condições de origem genética. Aqui, cito outra inovação, o exame PregnancyLoss, que é um teste de triagem e contribui para a identificação de possível causa genética em casos de interrupção espontânea da gravidez. Trata-se de um procedimento não invasivo, baseado na análise de sangue materno que permite uma abordagem mais segura e humanizada para os cuidados reprodutivos.
Na área oncológica, o CGP (Comprehensive Genomic Profiling/perfil genômico tumoral) identifica biomarcadores e variantes genéticas acionáveis em 480 genes-alvo associados a diversos tipos tumorais, importante para a conduta terapêutica e acompanhamento clínico e, a Biópsia Líquida Dasa, que é um exame que contempla procedimento minimamente invasivo, permite detectar DNA tumoral no sangue, com um potencial de monitorar a doença oncológica em tempo real.
Outro fator que vem transformando a experiência do paciente é a digitalização do cuidado em saúde. Hoje, plataformas acessíveis por meio de smartphones permitem o acompanhamento virtual completo, conectando exames, médicos e dados clínicos em um só ambiente. Isso garante maior agilidade no acesso às informações e suporte contínuo na tomada de decisão médica.
Complementando essa transformação, o Brasil caminha para a criação de bancos genômicos cada vez mais robustos, reunindo dados que não apenas ajudam a traçar perfis de ancestralidade e compreender a diversidade genética brasileira e latino-americana — reflexo da rica miscigenação dessas regiões —, mas que também impulsionam a aplicação prática da bioinformática na saúde.
Assim, a medicina do futuro já começa a se concretizar ao integrar esses avanços genéticos com poderosas ferramentas diagnósticas e analíticas, promovendo um cuidado de saúde cada vez mais preciso, preditivo, personalizado e participativo. A análise inteligente desses grandes volumes de dados, viabilizada por tecnologias inovadoras, permite transformar informações complexas em recomendações clínicas individualizadas. Essa convergência entre genômica, inteligência artificial e e análise bioinformática coloca o paciente no centro do processo, ampliando o acesso a tratamentos assertivos e personalizados e ações preventivas antecipadas, enquanto profissionais de saúde passam a tomar decisões orientadas por dados concretos.
*Luciana Rodrigues é Superintendente de negócios e operações da Dasa Genômica.