Fee for Service: como funciona, modelos e principais vantagens e desvantagens
28/05/2025

Entre os modelos de remuneração em saúde, o Fee for Service ainda é um dos mais adotados por operadoras e prestadores. No modelo de pagamento por serviço, cada procedimento, exame ou consulta gera um valor específico, o que gera tanto oportunidades quanto desafios para a gestão dos custos por tratamento.

Mas o que significa Fee for Service? Como ele se diferencia do modelo de pagamento por desempenho ou de outras formas como captação e bundle? A seguir, entenda as vantagens e desvantagens desse sistema que impacta diretamente os pagamentos por serviços médicos.

O que é Fee for Service? 

O Fee for Service (ou pagamento por serviço) é um modelo de remuneração em que cada procedimento médico é cobrado individualmente.

Nesse sistema, quanto mais serviços forem realizados — como consultas, exames ou cirurgias — maior será o valor recebido pelo prestador. Por isso, também é conhecido como modelo de pagamento por procedimento ou cobrança por procedimento.

Hospitais e clínicas que adotam o modelo de remuneração Fee for Service registram cada ação como um item faturável. O pagamento não está vinculado a um desfecho clínico, mas sim ao volume de ações realizadas. 

A maioria dos hospitais privados no Brasil e no exterior ainda utilizam esse modelo, embora muitos já estejam migrando para combinações com pagamento por desempenho ou outros formatos híbridos.

Diferença entre Fee for Service e Fee for Value

Enquanto o Fee for Service recompensa a quantidade de procedimentos realizados, o Fee for Value (ou Pagamento por Valor) prioriza a qualidade e os resultados do tratamento. Em vez de focar na quantidade, o segundo modelo analisa indicadores como satisfação do paciente, eficácia do tratamento e redução de reinternações.

A principal desvantagem do modelo remuneratório por episódio de cuidado, típico do Fee for Service, é o incentivo ao excesso de procedimentos, o que pode elevar os custos sem garantir melhores desfechos. Já o Fee for Value busca equilibrar custo e resultado, premiando o cuidado coordenado e os bons indicadores de saúde.
 

Principais vantagens do modelo Fee for Service 

O modelo de remuneração Fee for Service oferece benefícios importantes para hospitais, clínicas e profissionais. Um dos principais é o estímulo à produtividade: como o pagamento está atrelado à quantidade de serviços prestados, os profissionais tendem a atender mais pacientes e realizar mais procedimentos.

Outro ponto positivo é a expansão da oferta de serviços especializados. Como cada procedimento pode ser faturado separadamente, há espaço para desenvolver áreas específicas, investir em novos equipamentos e oferecer tratamentos mais diversos, conforme a demanda dos pacientes.

Além disso, o modelo de pagamento por serviço facilita a gestão financeira de instituições de saúde. Por operar com valores fixos para cada ação, ele permite um controle mais previsível das entradas, o que é útil em ambientes onde o planejamento orçamentário exige previsibilidade e detalhamento dos custos por tratamento.

Principais desvantagens do modelo Fee for Service

Apesar de suas vantagens, o modelo Fee for Service saúde também traz desafios relevantes. Um dos principais é o aumento nos custos dos tratamentos

Como cada ação é cobrada separadamente, o sistema pode gerar incentivos para a realização de procedimentos não essenciais, impactando diretamente o orçamento das operadoras e dos pacientes.

Esse cenário contribui para o risco de sobrecarga com exames e intervenções desnecessárias, o que pode prejudicar a experiência do paciente e até causar efeitos adversos. Além disso, esse modelo pouco estimula ações preventivas e o foco em resultados clínicos, o que pode reduzir a efetividade do cuidado ao longo do tempo.

A falta de incentivo à qualidade no atendimento e à prevenção também diferencia negativamente o modelo de remuneração Fee for Service em relação a formatos como pagamento por desempenho ou bundle, que priorizam o desfecho e a gestão integrada da jornada de saúde.

Outros modelos de pagamento

Nos últimos anos, o setor de saúde tem buscado alternativas ao modelo Fee for Service, visando maior controle de custos e foco em resultados. A seguir, veja os principais modelos de pagamento dos planos de saúde e como cada um funciona.

Pagamento por performance (P4P)

Pagamento por Desempenho (Pay for Performance) remunera os prestadores com base em metas de qualidade, como redução de reinternações ou melhora nos indicadores clínicos. Ao contrário da cobrança por procedimento, o foco aqui é o resultado do cuidado prestado.

Pagamento por bundle (pacote de cuidados)

No modelo bundle, todos os serviços relacionados a um episódio de cuidado — como cirurgia, internação e acompanhamento — são pagos em um único valor. Essa abordagem permite alinhar os incentivos entre profissionais e operadoras, controlando melhor os custos por tratamento.

Pagamento por captação

A captação remunera os prestadores com um valor fixo por paciente cadastrado, independentemente da quantidade de atendimentos. Esse modelo incentiva ações preventivas e o acompanhamento contínuo da saúde dos beneficiários.

Pagamento por DRG

Diagnosis Related Groups (DRG) classifica pacientes por grupos de diagnóstico, estabelecendo valores padrão para cada grupo. A lógica é similar ao bundle, mas com base na complexidade clínica, promovendo previsibilidade e comparação entre instituições.

Pagamento por orçamento global ajustado

Neste modelo, hospitais recebem um orçamento anual ajustado de acordo com metas e resultados. É uma forma de incentivar o uso racional dos recursos, com foco na eficiência e na sustentabilidade do sistema.

A remuneração em saúde está em transformação. O modelo Fee for Service ainda é comum, mas vem sendo repensado diante de suas limitações. 

Conhecer as diferenças entre Fee for Service e Fee for Value, assim como explorar alternativas como bundle, captação e pagamento por desempenho, é um passo importante para redesenhar práticas mais sustentáveis, eficientes e centradas no paciente.

 





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