SBCO: 90% dos pacientes oncológicos passam por cirurgia, mas investimento fica abaixo de 30% do total
04/06/2025

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) apresentou dados sobre o papel da cirurgia no tratamento do câncer, tanto no Brasil quanto no cenário internacional, além de traçar um panorama dos investimentos atuais em Oncologia no país. Segundo a SBCO, aproximadamente 90% dos pacientes oncológicos passam por algum tipo de cirurgia ao longo da jornada — seja para diagnóstico, estadiamento ou para tratamento curativo ou paliativo.

De acordo com o presidente da SBCO, Rodrigo Nascimento Pinheiro, cerca de 60% de todos os pacientes oncológicos são tratados em algum momento por cirurgia; mais da metade dos cânceres sólidos iniciais são tratados apenas com cirurgia; cerca de 80% dos pacientes com câncer passam por cirurgias curativas ou paliativas e 90% são submetidos a algum procedimento cirúrgico para diagnóstico ou estadiamento.

Em contrapartida, segundo dados do DATASUS, apresentado também pelo presidente da SBCO, em 2023 foram investidos R$ 2,77 bilhões em quimioterapia; R$ 1,5 bilhão em cirurgias oncológicas e R$ 665 milhões em radioterapia. “Temos um investimento global pequeno para a segunda – quase primeira – causa de morte no mundo. Quando se compara esses três pilares, vemos que há um grande desequilíbrio”, afirma o presidente da SBCO.
 

Além disso, complementa o especialista, o investimento total em em Oncologia precisa crescer, em todos os pilares, para acompanhar a realidade de casos de câncer registrados no país. “Com planejamento e cooperação entre gestores e profissionais de saúde, podemos fortalecer tanto a cirurgia oncológica, como as outras áreas que acompanham os pacientes oncológicos” reforça Pinheiro.

Redirecionando as prioridades da Oncologia

Rodrigo trouxe outra questão importante; além de ampliar os investimentos, é necessário redirecioná-los de forma estratégica. “Atualmente, o país ainda investe pouco em ações de prevenção e rastreamento, que são comprovadamente eficazes para reduzir a incidência e os custos relacionados ao câncer. Em vez disso, a maior fatia dos recursos vai para tratamentos de última linha, especialmente em fases avançadas, onde os resultados clínicos são limitados e os gastos, altíssimos”, enfatiza.

A SBCO alerta também para o baixo investimento em prevenção e rastreamento e para a necessidade de melhor distribuição dos serviços pelo país. Segundo o Ministério da Saúde, há 321 centros públicos de assistência ao câncer no Brasil, porém, concentrados mais no eixo Sul-Sudeste. “Nós temos uma vantagem estratégica, que são esses centros, que trazem tecnologia – não só de equipamentos – como também de gestão e profissionais multidisciplinares, porém, o que preocupa, é a desigualdade no acesso! Hoje, vemos concentrações desses centros no Sul e no Sudeste. O que faz com que pacientes de outras regiões precisem peregrinar em busca de atendimento. Ou seja, o CEP acaba sendo um fator de prognóstico para câncer”, afirma Pinheiro.

Entre os caminhos sugeridos pelo presidente da SBCO para aperfeiçoar a Oncologia no Brasil estão o fortalecimento da especialidade cirúrgica, com profissionais cada vez mais bem treinados e atualizados; a criação e integração de redes hospitalares eficientes, com centralização de casos complexos em centros de referência; o reconhecimento e valorização do Sistema Único de Saúde (SUS), considerado o maior sistema público de saúde do mundo; a melhoria da gestão e governança, inclusive no sistema suplementar; e o incentivo à inovação em técnicas, tecnologias e modelos de cuidado, garantindo tratamentos mais eficazes e acessíveis para a população. “Esses elementos são fundamentais para que possamos oferecer um cuidado cada vez mais eficiente e humanizado, beneficiando milhares de pacientes em todo o país,” finaliza Pinheiro.





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