A.C.Camargo transforma o cuidado oncológico com inovação em dados, gestão e parcerias
04/07/2025

Com 70 anos de história na oncologia, o A.C.Camargo Cancer Center tem buscado novas respostas para velhos desafios da saúde, como a sustentabilidade do sistema, a fragmentação da jornada do paciente e o acesso ao diagnóstico precoce. A instituição investe em uma agenda robusta que combina gestão baseada em valor, dados clínicos estruturados, modelos alternativos de remuneração e parcerias com o setor público e a indústria farmacêutica.

Desde novembro de 2024, essa estratégia é liderada, na área comercial e de marketing, por Rafael Iepo, médico ortopedista com larga experiência na saúde suplementar.  

“Nosso propósito é servir à sociedade. Acreditamos que prevenir é curar, e educar é uma das formas mais poderosas de salvar vidas”, afirma Iepo, em entrevista exclusiva ao Saúde Business
 

VBHC na prática, não no discurso 

Desde 2021, o A.C.Camargo mantém um Escritório de Valor dedicado à mensuração de desfechos, estruturação de linhas de cuidado e desenvolvimento de modelos assistenciais sustentáveis. A proposta é simples: pagar pelo cuidado, e não por cada item consumido. Um dos focos é o tratamento de câncer de mama em estágios iniciais, que apresenta baixa variabilidade e alta previsibilidade clínica e financeira. 

“Uma mulher com câncer de mama estágio 1 pode ter um tratamento completo por cerca de R$ 100 mil. Em estágio 4, esse custo pode ultrapassar R$ 1 milhão. Estamos falando de uma diferença de até 480%”, explica o executivo.  

Dados da própria instituição mostram que, quando diagnosticado precocemente, o câncer de mama tem taxa de sobrevida global de 98,7%. No câncer de colo de útero, os índices de cura chegam a 99% no estádio 1, caindo para 60 a 70% no estádio 3. 

Apesar da clareza clínica e econômica, o modelo ainda enfrenta obstáculos operacionais. “Todos querem falar sobre valor. Mas na prática, os sistemas das operadoras e dos hospitais foram desenhados para o fee-for-service. Implementar novas lógicas exige investimento em tecnologia e decisão estratégica top-down”, pontua o diretor. 

Mesmo assim, o hospital mantém atualmente contratos de bundle payment com pelo menos uma operadora e estuda novas parcerias. “Se alguém tem que puxar essa transformação, que sejamos nós”, completa Iepo. 

Parcerias com a indústria: risco compartilhado com resultados concretos 

O A.C.Camargo também tem avançado em modelos de risco compartilhado com a indústria farmacêutica. Em parceria com a Roche Farma Brasil, a instituição conduz um projeto focado em pacientes com câncer de pulmão e de fígado. Se as metas clínicas não forem atingidas, a farmacêutica devolve parcial ou integralmente o valor do tratamento. 

Mais do que um experimento, o modelo foi reconhecido internacionalmente pela Roche como case global de inovação, sendo o único do tipo implementado na América Latina. 

 “Estamos tratando pacientes reais, com acompanhamento rigoroso via prontuário eletrônico e indicadores de performance que, inclusive, superam os resultados dos estudos clínicos da indústria”, destaca o executivo. 

Outro exemplo é a parceria com a Johnson & Johnson, em vigor desde 2021, que bonifica o hospital com kits cirúrgicos quando as taxas de novas abordagens em cirurgias de câncer colorretal se mantêm abaixo de determinado patamar. 

Pesquisa clínica com foco em custo-efetividade 

O compromisso com a sustentabilidade se estende à pesquisa clínica. A oncologista Rachel Riechelmann, líder do Centro de Referência de Tumores Neuroendócrinos, coordena pesquisas multicêntricas com protocolos de meia dose de quimioterápicos.  

Os resultados mostram que doses menores mantêm a eficácia dos tratamentos, com menor toxicidade e melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes — além de otimização de recursos. Desde os achados, os protocolos passaram a ser adotados pela própria instituição como prática clínica. 

Navegação do paciente e cuidado coordenado 

Na ponta da assistência, o hospital opera com uma equipe de mais de 40 profissionais de navegação em saúde, que acompanham toda a jornada do paciente, desde o agendamento de exames até a conclusão do tratamento. A proposta é reduzir desperdícios e evitar atrasos. “O paciente não é especialista em saúde. Quando fica perdido, há falhas na assistência e aumento de custos. A navegação evita justamente isso”, enfatiza Iepo. 

Prevenção e impacto social: do território ao digital 

Como fundação privada sem fins lucrativos, o A.C.Camargo tem expandido suas ações sociais com foco em prevenção, educação e ampliação do acesso ao diagnóstico. Em parceria com o Conasems, lançou o maior programa de capacitação em oncologia da história da atenção primária no Brasil. A meta é qualificar 550 mil agentes comunitários de saúde em todos os 5.571 municípios brasileiros até 2026. 

Essa atuação ganhou novo fôlego com a adesão da instituição ao Proadi-SUS e a entrada no programa “Agora Tem Especialistas”, do Ministério da Saúde. O hospital passou a integrar o Super Centro para Diagnóstico do Câncer, que utiliza telemedicina e patologia digital para acelerar o tempo de resposta nos diagnósticos oncológicos do SUS.  

O centro tem capacidade para emitir até mil laudos por dia, com resultados em cinco dias úteis, contra os 25 dias atuais da rede pública. “O A.C.Camargo vai receber as amostras de todo o Brasil, processar as biópsias e emitir laudos digitais com alto grau de precisão”, explicou o ministro Alexandre Padilha durante o lançamento da iniciativa.  

A estrutura inclui também teleconsultorias e segundas opiniões diagnósticas, além da capacitação de profissionais de 20 laboratórios do SUS e o fornecimento de equipamentos de digitalização de lâminas histológicas. 

Essa nova frente complementa outras ações da fundação, como o Programa Missão A.C.Camargo, com campanhas presenciais de triagem e rastreamento, a Escola Schwester Heine, que mantém a escolarização de crianças durante o tratamento oncológico, e o Programa Dona Carolina Tamandaré, que oferece oportunidades de educação e empregabilidade a jovens em situação de vulnerabilidade. 

“Nosso propósito é servir à sociedade. Acreditamos que prevenir é curar, e educar é uma das formas mais poderosas de salvar vidas”, conclui Iepo. 





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