BRICS: aliança global busca erradicar “doenças da pobreza”
08/07/2025

Os países do BRICS deram um passo importante na luta contra as chamadas “doenças da pobreza” ao lançar oficialmente a Parceria para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas (DSDs). A iniciativa, que integra a Declaração do Rio de Janeiro, foi anunciada durante a 17ª Reunião de Cúpula do grupo, realizada nos dias 6 e 7 de julho de 2025, no Rio de Janeiro.

A proposta reflete o compromisso dos países membros em enfrentar as desigualdades em saúde, promovendo ações coordenadas e multissetoriais para erradicar doenças que afetam os países com maior vulnerabilidade social.

O que são as DSDs e por que combatê-las?

As Doenças Socialmente Determinadas incluem enfermidades como tuberculose, hanseníase, malária, dengue e febre amarela, que têm sua prevalência agravada por fatores como pobreza, exclusão social e falta de acesso a serviços básicos de saúde.

Essas doenças, muitas vezes negligenciadas em países ricos, recebem menos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, perpetuando um ciclo de desigualdade no Sul Global.

A parceria, que reúne os 11 países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia) e outros parceiros como Malásia, Bolívia e Cuba, busca reverter esse cenário. A iniciativa propõe estratégias integradas para prevenção, diagnóstico, tratamento e eliminação dessas doenças, utilizando tecnologias, como inteligência artificial, e promovendo a colaboração internacional.

Objetivos e estratégias da parceria

A Parceria para a Eliminação das DSDs estabelece cinco objetivos principais, alinhados às metas globais de saúde e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS):

  1. Fortalecer sistemas de saúde resilientes: Garantir acesso equitativo a vacinas, diagnóstico precoce, tratamento e educação em saúde, com foco em populações vulneráveis.
  2. Ações intersetoriais: Abordar os determinantes sociais, econômicos e ambientais da saúde, promovendo uma abordagem integral de governo e sociedade.
  3. Pesquisa e inovação: Expandir a colaboração em pesquisa, desenvolvimento e transferência de tecnologia, adaptando soluções às realidades locais.
  4. Mobilização de recursos financeiros: Superar barreiras financeiras por meio de parcerias público-privadas, engajamento com bancos de desenvolvimento e doadores internacionais.
  5. Alinhamento internacional: Integrar esforços em fóruns multilaterais e regionais, promovendo a inclusão das DSDs na agenda global de saúde.

Para viabilizar essas ações, os países contarão com o apoio do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco do BRICS, além de outras instituições financeiras multilaterais.

O papel do Brasil e o legado da presidência no BRICS

Sob a liderança brasileira, a saúde foi uma das oito prioridades da presidência do BRICS em 2025. Inspirada no Programa Brasil Saudável, a iniciativa reflete a visão do governo de que a saúde é uma alavanca para o desenvolvimento sustentável. Durante a cúpula, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a importância de garantir não apenas o acesso a medicamentos, mas também a condições básicas como água potável e alimentação saudável.

Além disso, o Brasil defende a expansão da Rede de Pesquisa do BRICS, com foco no desenvolvimento de vacinas e abordagens inovadoras para o combate às doenças negligenciadas. Essa estratégia é vista como uma resposta à redução de investimentos internacionais, como o encerramento das operações da USAID no Brasil, e uma oportunidade de fortalecer a cooperação Sul-Sul.

Inovação e tecnologia no combate às DSDs

Um dos diferenciais da parceria é o uso de tecnologias avançadas, como inteligência artificial, para aprimorar o diagnóstico, monitoramento e tratamento das DSDs. O documento divulgado pelo BRICS destaca a criação de plataformas digitais interoperáveis, sistemas de vigilância em tempo real e ferramentas integradas para eliminação de doenças. Essas inovações visam ampliar o alcance das ações de saúde, especialmente em áreas remotas e de difícil acesso.

Os primeiros passos dessa colaboração incluem a realização de seminários técnicos, capacitação de profissionais e reuniões com instituições financeiras para garantir o financiamento sustentável das ações.





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