Merck compra Verona Pharma por US$ 10 bi
14/07/2025

A Merck acertou a compra da empresa de biotecnologia Verona Pharma, forte na área de doenças pulmonares, por US$ 10 bilhões, transação que é a maior aquisição do laboratório farmacêutico americano em dois anos e reforça sua expansão no segmento respiratório. A Merck é conhecida como MSD fora da América do Norte. 

A aquisição da Verona incrementa a carteira de possíveis futuros lançamentos da Merck, com a adição do Ohtuvayre, medicamento que já foi aprovado nos EUA para tratar a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e, segundo analistas, poderia ter pico anual de vendas de quase US$ 4 bilhões em meados de 2030. O remédio está em fase de ensaios para ter mais usos, como possível tratamento de outras condições pulmonares. 

A Merck anunciou nesta quarta-feira (9) que pagará US$ 107 por ação para comprar a Verona, em acordo que avalia a empresa em cerca de US$ 10 bilhões, confirmando notícia anterior do “Financial Times”. As ações da Verona subiam 20% nos negócios antes do horário regular, uma vez que a transação avalia a firma biotecnológica com um prêmio em relação ao fechamento de terça-feira. 

A aquisição é a maior da Merck desde a compra da Prometheus Biosciences por US$ 10,8 bilhões, em 2023, e é mais um exemplo de um laboratório farmacêutico interessado em uma empresa de biotecnologia com um produto já aprovado e gerando receita, para preencher a lacuna deixada por medicamentos de altas vendas que perderão a patente. 

O Keytruda, tratamento contra o câncer da Merck e medicamento com maiores vendas do mundo, com receita anual de quase US$ 30 bilhões, perderá a patente em breve e será impactado pelas regras de preços do governo americano a partir de 2028. As ações da Merck caíram 35% nos últimos 12 meses, reduzindo seu valor de mercado para US$ 203 bilhões no fechamento de terça-feira. 

“O valor que este novo mecanismo inovador e de primeira classe traz [...] é uma adição importante para o arsenal dos pacientes que enfrentam a DPOC”, disse o executivo-chefe da Merck, Rob Davis, em entrevista ao “FT”. Ele acrescentou que a aquisição coloca a Merck bem encaminhada para “um período de transformação realmente rápida” enquanto lida com o fim da patente do Keytruda. 

O Ohtuvayre, da Verona, lançado nos EUA em 2024 após aprovação da Agência de Remédios e Alimentos (FDA, na sigla em inglês) para tratar a DPOC em pacientes adultos, vem tendo um início promissor, com 25 mil prescrições preenchidas até o fim do primeiro trimestre, acima das expectativas dos analistas. 

A aquisição pela Merck ajudaria a acelerar o lançamento internacional do medicamento fora dos EUA, segundo duas fontes a par do assunto. Além disso, a Merck se prepara para uma série de mais de 20 lançamentos de produtos e tem planos de trazer ao mercado mais medicamentos nos próximos cinco anos do que jamais fez nesse período em sua história. 
 

O Ohtuvayre foi o primeiro medicamento de inalação totalmente novo aprovado como tratamento de manutenção para os 8,6 milhões de pacientes americanos com DPOC nos últimos 20 anos. Diferentemente dos tratamentos existentes, ele não é baseado em esteroides e funciona inibindo duas enzimas diferentes, o que ajuda a abrir as vias aéreas e reduzir inflamações. 

A Verona, firma biotecnológica com sede em Londres fundada em 2005, também tem estudado usar o mesmo tratamento em pacientes com outras condições pulmonares, como bronquiectasia, asma e fibrose cística, e feito testes em combinação com outro medicamento contra a DPOC, o que pode ampliar seu alcance. 

(A Merck passará por) um período de transformação realmente rápida” 

— Rob Davis 

A compra da Verona dará à Merck, mais conhecida por seus medicamentos contra o câncer, uma presença mais forte na medicina respiratória, após a aprovação nos EUA do Winrevair em 2024, um tratamento para uma doença potencialmente fatal que afeta pulmões e coração, adquirido com a compra da Acceleron Pharma por US$ 11,5 bilhões em 2021. 

O acordo com a Verona deve ser concluído até o quarto trimestre, destacou a Merck nesta quarta. 

Desde a chegada de Davis, em abril de 2021, a Merck tem sido um dos laboratórios farmacêuticos mais ativos em aquisições e acordos de licenciamento, tanto em número de negócios quanto em valores gastos. Ainda assim, nos últimos meses, investidores têm pressionado por mais transações para compensar a queda iminente nas vendas a ser provocada pela perda da patente do Keytruda. 

Davis disse ao “FT” que a Merck “continua a marcar pontos e a mostrar sucesso” com dados clínicos e aquisições, e que isso dará aos investidores a confiança de que a empresa tem “um caminho muito viável para crescimento sustentável e de longo prazo após a [perda da exclusividade] do Keytruda”. “Minha confiança nisso cresce a cada dia, a cada leitura de dado e a cada aquisição”, disse. 

No quadro geral, o setor de ciências da vida tem sofrido desestabilizações em 2025, diante das ameaças de tarifas alfandegárias e da possibilidade de reformas no esquema de preços dos medicamentos sob o governo de Donald Trump, assim como das mudanças em agências de regulamentação e de saúde pública sob a liderança de Robert F. Kennedy Jr., conhecido por seu ceticismo em relação a vacinas. 

Os problemas da Merck foram agravados pela desaceleração das vendas na China do Gardasil, sua vacina contra o papilomavírus humano (HPV). A política de tarifas de Trump levou a empresa a reduzir, em maio, sua previsão de vendas para 2025. 

Davis já havia dito que buscava negócios no valor de US$ 1 bilhão a US$ 15 bilhões, ou de até mais, se o alvo certo surgisse. 

 





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