Em um cenário econômico marcado por incertezas, a indústria brasileira de dispositivos médicos demonstra notável resiliência ao registrar a criação de 5.979 novos postos de trabalho em 2024. Conforme revela a mais recente edição do Relatório Setorial da ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos), o setor alcançou a marca expressiva de 85.078 empregos diretos, representando um crescimento de 7% em comparação ao ano anterior.

Segmento odontológico e médico lidera geração de empregos

O destaque na geração de empregos fica por conta dos segmentos de instrumentos e materiais para uso médico e odontológico, responsáveis por 93% do total de novas vagas criadas. Este desempenho reforça a posição estratégica do setor para a economia nacional, que mantém um ritmo constante de expansão mesmo diante de desafios globais.

“A geração contínua de empregos no setor comprova não apenas a relevância da indústria de dispositivos médicos, mas também sua capacidade de resistir a um cenário global desafiador. Mesmo diante da alta de custos e da pressão das importações, seguimos avançando com inovação e competitividade”, afirma Paulo Henrique Fraccaro, CEO da ABIMO.

Concentração regional e potencial de expansão

A análise geográfica dos empregos revela uma forte concentração na região Sudeste, que abriga 66% dos postos de trabalho formais do setor. A região Sul aparece em segundo lugar com 20%, seguida pelo Nordeste (8%), Centro-Oeste (4%) e Norte (2%).

Fraccaro destaca o potencial de crescimento em outras regiões: “Os dados reforçam o peso da indústria nacional no desenvolvimento regional, principalmente em polos produtivos como São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. Há espaço para ampliar ainda mais essa presença em outras regiões com políticas adequadas de fomento”.

Crescimento sustentado pós-pandemia

O setor não apenas se recuperou dos impactos iniciais da pandemia como manteve uma trajetória ascendente desde 2020. Este é o terceiro ano consecutivo de crescimento, refletindo o aumento da demanda por produtos de saúde, o fortalecimento da cadeia produtiva e o compromisso com a inovação tecnológica.

Atualmente, o setor é composto por mais de 1.200 empresas no Brasil, abrangendo a fabricação de equipamentos médicos, odontológicos, hospitalares e laboratoriais, além de materiais de consumo e produtos de tecnologia assistiva. Em 2024, esse mercado movimentou R$ 26,1 bilhões em valor de produção industrial.
 

Desafios à competitividade

Apesar do cenário positivo na geração de empregos, a ABIMO alerta para desafios que podem comprometer essa trajetória de crescimento. O aumento de 20% nas importações em 2024 e as recentes medidas tarifárias adotadas pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros representam ameaças significativas.

“É fundamental que o Brasil proteja e estimule sua indústria. Gerar empregos de qualidade e garantir acesso a tecnologias de ponta passa por fortalecer a produção nacional”, conclui o CEO da ABIMO.