A MV obteve recentemente a aprovação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para um aporte de R$ 30 milhões, em modalidade não reembolsável, destinado ao desenvolvimento de um sistema de inteligência artificial generativa voltado especificamente ao setor de saúde. O investimento total será de R$ 50 milhões — dos quais R$ 20 milhões serão financiados pela própria companhia, responsável pela iniciativa.
Prevista para três anos, a proposta busca criar um modelo nativo em português, com domínio de vocabulário técnico e clínico, capaz de compreender e responder a situações assistenciais, administrativas e operacionais da realidade brasileira.
O investimento reforça a estratégia da MV, sob o comando de Paulo Magnus, de usar a tecnologia para equilibrar sustentabilidade financeira e qualidade assistencial. Com quase quatro décadas de atuação, a empresa agora amplia sua aposta em inteligência artificial e interoperabilidade para moldar o futuro da saúde digital no Brasil.
Fundada em 1987, em Porto Alegre, a MV nasceu da convicção de Paulo de que a tecnologia seria indispensável para tornar a saúde mais eficiente. No ano seguinte, fixou a sede em Recife e hoje, está presente em mais de 5 mil instituições públicas e privadas, impactando diretamente a vida de cerca de 100 milhões de brasileiros.
A trajetória do fundador moldou a cultura corporativa: resiliência, visão de futuro e propósito claro. “O maior aprendizado é que ninguém constrói nada sozinho. Sempre busquei formar equipes comprometidas e apaixonadas pelo que fazem”, afirma o CEO.
Eficiência, interoperabilidade e inteligência artificial
Num setor cada vez mais pressionado a entregar qualidade com custos reduzidos, a tecnologia é vista por Paulo como elo entre sustentabilidade e assistência. Os sistemas da MV integram processos, reduzem desperdícios e otimizam recursos — do leito à auditoria de contas. Ele resume esse conceito como “saúde de portas abertas”.
“Colocar o paciente no centro, garantindo o cuidado certo, no tempo certo e no lugar certo. O resultado é aumento da resolutividade, redução de custos desnecessários e uma experiência mais fluida para o cidadão”, explica.
A interoperabilidade, segundo o executivo, é pilar essencial para um sistema mais eficiente e seguro. A prática já é realidade em instituições como Unimed Sorocaba, Santa Casa de Porto Alegre, Hospital Mãe de Deus, Hospital Moinhos de Vento e na rede pública de Goiás e de Belo Horizonte. Nesses casos, dados circulam de forma padronizada e o paciente pode acessar seu histórico clínico por meio de aplicativo, fortalecendo o vínculo entre hospitais e cidadãos.
A aposta em inteligência artificial também já trouxe resultados concretos. O Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) da MV, eleito oito vezes o melhor da América Latina e quinto mais utilizado no mundo, transcreve consultas automaticamente, reduzindo erros e liberando tempo para o cuidado direto. Mais recentemente, a empresa lançou uma assistente de voz que funciona como uma “Alexa da saúde” dentro de centros cirúrgicos. “Não estamos só falando sobre inteligência artificial, estamos entregando ferramentas que reduzem burocracia, aumentam a produtividade clínica e fortalecem a assistência”, reforça Paulo.
Com portfólio amplo e integrado, que cobre da gestão hospitalar à atenção primária e suplementar, a MV oferece soluções ponta a ponta. Essa robustez é potencializada pelo Ecossistema MV, que reúne 14 empresas especializadas em saúde digital, entre elas Oncoaudit, Conecte-se, TechInPulse, Dr.Tis, Green Paperless, Maida.Health e Dentalis.
A meta da MV é clara: consolidar-se como o maior ecossistema de tecnologia em saúde do mundo. Para alcançar esse objetivo, a companhia planeja realizar ao menos duas aquisições por ano. A mais recente, a fusão com a Dr. Tis, ampliou a atuação em medicina diagnóstica — etapa estratégica da jornada do paciente — inclusive a unidade de negócio será liderada por Jihan Zoghbi, CEO da Dr. Tis.
Ambicioso quanto ao futuro, Paulo faz projeções ousadas.“Nossa meta é deixar a saúde do Brasil 100% digital até 2035. Queremos conectar hospitais, operadoras, governo, médicos e pacientes em um ecossistema integrado, seguro e sustentável. O cuidado precisa ser mais acessível, eficiente e humano”.
Com 38 anos de história, a MV comprova que a tecnologia desenvolvida no Brasil pode ser referência global. Entre seus legados, Paulo se orgulha da introdução do prontuário eletrônico no país, do apoio contínuo a Santas Casas e hospitais filantrópicos e da criação de um ecossistema robusto, capaz de conectar instituições em todo o território nacional.