Fundada em Fortaleza como uma operadora de planos de saúde focada na base da pirâmide, a Hapvida está se adaptando para atender também o Sudeste, onde estão os grandes contratos corporativos e o público de maior renda. Somente a praça de São Paulo vai receber investimentos de cerca de R$ 1 bilhão, como a empresa já havia mencionado em 2024, o que representa metade do volume que o grupo está aportando em expansão no país entre 2025 e 2026. 

A companhia inaugurou, nesta segunda-feira (1º), na capital paulista, sua primeira unidade ambulatorial premium – com serviços de hotelaria e áreas específicas para oncologia, infusão, atendimento para mulher, entre outras –, e o comando falou com jornalistas. O ponto fica próximo do hospital e da unidade materno infantil que estão sendo construídos na região do Parque do Ibirapuera. 

Na sexta-feira (29), a Hapvida informou que o contrato de construção sob medida atrelado à locação (built to suit, BTS) do Hospital Ibirapuera, em São Paulo, agora está sob responsabilidade do Pátria. Esse contrato, havia sido fechado, anteriormente, com a Reag - alvo da investigação da Polícia Federal - mas foi rompido em fevereiro deste ano porque a gestora não conseguiu cumprir as metas contratuais. A Riza, por sua vez, fica responsável pelos demais hospitais de São Paulo, cujos investimentos aumentaram, e não mais pelos projetos do Rio de Janeiro 

A ideia com a operação premium é atrair os usuários que têm um plano de saúde com rede credenciada aberta e ofertar plano de saúde para empresas que hoje têm contratos com seguradoras ou operadoras não verticalizadas. Muitas companhias, em especial do Sudeste, não fecham com a Hapvida porque seu foco é o “chão de fábrica”, os demais funcionários ficam desassistidos. 

“Esse é momento de mudar o pensamento. Queremos, sim, atingir o público AA”, disse Cândido Pinheiro, fundador e presidente do conselho da Hapvida. 

“Depois do movimento com Intermédica, nos deparamos com quase meio milhão de pessoas que usavam a rede credenciada ampla. Temos também clientes que nos procuram, usam nossa rede. Se já acolhemos em nossas unidades, vimos que era hora de desenvolver algo novo, com serviço de alta qualidade em medicina”, complementou Jorge Pinheiro, presidente da Hapvida. 

Investimentos de R$ 2 bi no país até 2026 

Os usuários da nova unidade terão forte redução na cobrança de coparticipação. Entre 2025 e 2026, o plano de expansão do grupo prevê investimentos de R$ 2 bilhões no país. 

O Itaú BBA destacou, em relatório, que a Hapvida está tocando muitas iniciativas, que estão sendo implementadas, atualmente, para apoiar o aumento da penetração na região Sudeste, como um portfólio de produtos mais amplo, melhor percepção de qualidade e melhor alinhamento com os corretores, mantendo um controle rígido de custos. 

“Embora reconheçamos o desafio de equilibrar todos esses fatores simultaneamente, acreditamos que a empresa está monitorando de perto cada um deles, levando a uma narrativa de investimento mais clara”, diz trecho do relatório do banco. 

Após a publicação desta matéria, a Hapvida esclareceu que o contrato de BTS do Hospital Ibirapuera, em São Paulo, havia sido fechado com a Reag, mas o acordo foi rescindido em fevereiro devido ao não cumprimento de metas contratuais, sendo substituído pelo Pátria. A Riza, por sua vez, está com os contratos dos demais hospitais de São Paulo.