Brasil enfrenta déficit bilionário em dispositivos médicos e precisa fortalecer produção nacional, aponta ABIMO
10/09/2025

O fortalecimento da indústria brasileira de dispositivos médicos pode ser decisivo para ampliar a eficiência do Sistema Único de Saúde (SUS) e reduzir a dependência externa do país. A avaliação é de Paulo Henrique Fraccaro, CEO da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO), que defende a renovação imediata da rede hospitalar pública como caminho para transformar investimentos em benefícios concretos para a população. 

O cenário atual evidencia a urgência dessa estratégia. Em 2024, o Brasil importou cerca de US$ 9,79 bilhões em dispositivos médicos, enquanto exportou apenas US$ 1,17 bilhão, acumulando um déficit de US$ 8,62 bilhões. Para Fraccaro, os números escancaram a dependência externa e a necessidade de desenvolver uma cadeia produtiva sólida. 

Segundo o executivo, a produção local de tecnologia assegura abastecimento contínuo, reduz custos logísticos e potencializa programas voltados ao acesso da população a exames, diagnósticos e tratamentos. “Investir em tecnologia produzida no Brasil não resolve sozinho o problema das filas, mas é essencial para transformar recursos públicos em diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficazes”, afirma. 

Uma indústria nacional robusta, para Fraccaro, tem capacidade de multiplicar o impacto dos investimentos do SUS, fortalecendo a autonomia tecnológica do país e garantindo maior agilidade diante de novas demandas de saúde pública. Ele cita o programa “Agora Tem Especialista”, que amplia consultas e exames especializados, como exemplo de iniciativa que poderia ser diretamente beneficiada pela maior oferta de equipamentos nacionais. 

Além da dimensão econômica, Fraccaro ressalta o papel estratégico da indústria para o avanço tecnológico da saúde. O desenvolvimento de novos equipamentos, materiais e soluções digitais contribui para a modernização de hospitais e clínicas, fomenta a pesquisa científica e fortalece a formação de profissionais. “Mas, para isso, o governo precisa fazer sua parte: trazer inovação também para o setor público”, reforça. 

Ele lembra ainda que a pandemia de Covid-19 mostrou a importância da autossuficiência nacional, diante da escassez global de insumos e equipamentos. Para o CEO da ABIMO, reduzir filas e melhorar o atendimento depende de múltiplos fatores — como políticas e estrutura de assistência —, mas o uso de tecnologia nacional de ponta pode ser determinante para maior precisão diagnóstica, terapias mais eficazes e gestão hospitalar mais eficiente. 

“Mais do que um setor econômico, a indústria de dispositivos médicos é estratégica para o SUS e para toda a saúde brasileira. Ela transforma investimentos em resultados reais, amplia a capacidade de atendimento e apoia políticas de longo prazo que beneficiam a população de forma contínua”, conclui. 





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