De olho nesse cenário, o Fleury investiu R$ 41,4 milhões num novo centro de processamento de exames exclusivo para laboratórios externos. Essa unidade, instalada na sede da empresa, em São Paulo, tem capacidade para realizar o diagnóstico de 84 milhões de testes por ano.
Outras sete centrais de processamento, distribuídas no país, também passaram por ampliação ou modernização. A maior delas fica em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, com capacidade anual para 180 milhões de exames. Essa unidade pertencia ao Hermes Pardini, que é líder nesse mercado e foi adquirido pelo Fleury em 2023.
No total, o Fleury processa hoje 335 milhões de exames por ano, sendo que 55,5% deles são para laboratórios e hospitais de mercado. Com a nova unidade em São Paulo, a companhia estima um crescimento de 30% no segmento “lab to lab.”
No país, há 22 mil laboratórios que terceirizam para outras empresas o trabalho de diagnóstico, focando sua atuação mais na coleta. Atualmente, o Fleury atende 8 mil deles.
Esse aumento na demanda é devido a uma combinação de fatores, como médicos pedindo um volume maior de exames e alto custo. “Para laboratórios menores, o custo de processamento é elevado porque eles não têm tanta escala”, disse Roberto Santoro, presidente da divisão do Fleury responsável por essa área. “Outro fator é o surgimento de exames cada vez mais complexos que demandam tecnologia avançada”, afirmou Jeane Tsutsui, presidente do companhia.
No ano passado, as associadas da Abramed, entidade das empresas de medicina diagnóstica, realizaram quase 1,1 bilhão de exames, o que representa um crescimento de 17% sobre 2023.
No primeiro semestre, o Fleury processou 99 milhões de exames para laboratórios e hospitais, alta de 7,7% sobre o mesmo período de 2024. Nas unidades próprias, foram realizados 80 milhões de testes, o que representa um crescimento de 6,6% na mesma base de comparação. Em 2024, o processamento para laboratórios de mercado aumentou 14,5% devido a uma nova legislação que obriga motoristas profissionais a passarem por testes toxicológicos.
O investimento do Fleury ocorre também em um momento em que alguns grupos hospitalares como Rede D’Or e Sírio-Libanês internalizaram a divisão de medicina diagnóstica. Por outro lado, há outros hospitais, como o HCor, que terceirizaram o processamento dos exames para grupos especializados como o Fleury.
Segundo fontes, há uma negociação entre Rede D’Or e Fleury para compra do controle da empresa de medicina diagnóstica. As companhias informaram que não comentam rumores de mercado.
A medicina diagnóstica é um dos elos mais estratégicos na cadeia da saúde por reunir um volume relevante de dados dos pacientes. Essas informações serão um ativo relevante no futuro, quando houver maior integração entre hospitais, laboratórios, clínicas e operadoras de planos de saúde - uma bandeira que Pedro Bueno, da Dasa, levantou há alguns anos. Além disso, pelo menos 80% das decisões médicas são baseadas no diagnóstico dos exames.
A nova central de processamento de exames do Fleury foi erguida em parceria com a Abbott, responsável pelos reagentes dos testes e equipamentos. O espaço se assemelha a uma linha de montagem totalmente digitalizada, em que cada tubo de ensaio com o material biológico é acoplado a um dos 1,1 mil compartimentos que funcionam como “carrinhos” correndo numa pista.
Esses carrinhos entram numa máquina e, numa fração de segundo, uma gota do material biológico é coletada e processada para o diagnóstico. O equipamento sinaliza quando há divergência de dados ou o material está inadequado.
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