Em um setor como o da saúde, onde vidas estão em jogo e cada segundo conta, a excelência na execução de diversas tecnologias é vital para o atendimento ao paciente. Mas, embora essencial, integrar sistemas de maneira fluida e segura ainda é um dos maiores desafios enfrentados por hospitais e clínicas, que deixam de tomar decisões baseadas em dados devido à complexidade com a qual se deparam.
Na prática, muitas dessas organizações esbarram logo no primeiro obstáculo: a formação de equipes capacitadas exclusivamente para construir e manter integrações — tarefa essa que exige competências específicas, desde o desenvolvimento de software até o gerenciamento de projetos e infraestrutura.
A escassez de profissionais especializados em integração dentro da área da saúde coloca como alternativa a adoção de plataformas low-code, acelerando o tempo de entrega de projetos nesse setor.
Outro gargalo importante a ser discutido está na própria construção do código para soluções voltadas ao universo da saúde. Desenvolver integrações manualmente exige uma atenção minuciosa, uma vez que qualquer linha escrita pode ser a diferença entre a fluidez dos dados ou levar a um erro crítico. Esse nível de detalhamento é especialmente sensível em um ambiente que lida com informações confidenciais, como prontuários médicos e históricos clínicos. Nesse contexto, ferramentas que oferecem conectores pré-configurados podem simplificar e reduzir a necessidade de código personalizado.
Por falar em sensibilidade de dados, um capítulo à parte é a segurança, uma vez que a troca de dados sensíveis exige não apenas qualidade no código, mas também o cumprimento de normas como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e a HIPAA (Health Insurance Portability and Accountability Act, nos EUA). É preciso que as instituições de saúde invistam em plataformas que contam com suporte nativo a padrões como o HL7 – Health Level Seven (conjunto de normas internacionais que facilitam a troca eletrônica de informações de saúde entre diferentes sistemas de informação em saúde), tenham uma SDOs (Organização Desenvolvedora de Padrões) internacional e apostem em recursos avançados de criptografia — que permitem que a transmissão dessas informações aconteça de forma segura e em total conformidade regulatória.
Mesmo após a integração começar a rodar é preciso monitorar essas conexões em tempo real, seja em ambientes locais ou em nuvem, evitando interrupções e garantido que tudo funcione como esperado. Ferramentas com dashboards centralizados ajudam a antecipar falhas e manter a continuidade das operações, o que, no fim das contas, impacta diretamente na experiência do paciente.
Outro ponto que pesa no orçamento das instituições de saúde é o custo elevado com ferramentas de integração e infraestrutura, tanto em termos de licenciamento quanto de manutenção, o que impede as organizações de escalarem suas soluções ou investirem em inovações tecnológicas. Ao centralizar as integrações em uma única plataforma é possível não só reduzir custos, mas também liberar a equipe de TI para focar em iniciativas mais estratégicas.
E o atraso na digitalização pode ter um preço alto, uma vez que muitos hospitais ainda operam com sistemas legados, que hoje já não dialogam com as tecnologias mais modernas. Esses sistemas antigos, em geral, não são compatíveis com integrações em tempo real, o que obriga os profissionais a recorrerem a processos manuais, mais lentos e propensos a erros. Modernizar essa base tecnológica é, portanto, um passo inevitável para quem deseja avançar em direção à saúde digital.
Outro desafio recorrente é a integração com plataformas específicas, como o Tasy, muito usado na gestão hospitalar. Conectar essa ferramenta a soluções de CRM, telemedicina ou inteligência artificial não é uma tarefa simples: é preciso garantir a interoperabilidade dos dados e, ao mesmo tempo, manter o alinhamento com protocolos como o HL7.
No fim do dia, o maior impacto da falta de integração afeta o principal integrante deste elo: o paciente. A fragmentação dos dados entre diferentes sistemas impede que os profissionais de saúde tenham uma visão completa do histórico clínico de cada pessoa, o que pode levar a diagnósticos imprecisos e tratamentos ineficazes. Por outro lado, quando os sistemas estão integrados é possível centralizar as informações, promover uma atuação mais coordenada entre as equipes e oferecer um cuidado mais personalizado, assertivo e eficiente. A boa notícia é que a tecnologia já oferece os recursos necessários para superar todos esses obstáculos. Com plataformas robustas, seguras e escaláveis, as instituições de saúde podem finalmente tirar o máximo proveito da digitalização e colocar o foco onde ele realmente importa: no cuidado com o paciente.
*Josué Almeida é Enterprise Account Director na Digibee.