A Dasa, rede de medicina diagnóstica da família Bueno, vendeu sua operação na Argentina para o Swiss Medical Group, seguradora de saúde verticalizada, por US$ 116 milhões (R$ 615 milhões) e a empresa de gestão de saúde empresarial Mantris por R$ 90 milhões para a brasileira Blackbelt, que faz gestão financeira. As duas transações, portanto, acrescentam R$ 705 milhões ao caixa da companhia, que tem como uma das prioridades a redução da alavancagem.
Os ativos negociados no país vizinho foram os laboratórios Maipú e Labmedicina, que, juntos, têm 27 unidades em Buenos Aires e entorno. Essa operação tem lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 115 milhões e receita de cerca de R$ 500 milhões por ano, o que representa menos de 4,4% do faturamento total da Dasa. O pagamento da venda dos laboratórios na Argentina será feito à vista.
“Essa transação faz parte da nossa estratégia que começou com a venda da corretora, no ano passado [por R$ 255 milhões]. Na sequência, veio a joint venture dos hospitais com a Amil para focar em medicina diagnóstica. A operação da Argentina é muito interessante, mas não havia sinergias com a nossa aqui no Brasil, onde está nosso foco”, disse Rafael Lucchesi, CEO da Dasa.
No segundo trimestre, o endividamento da companhia estava em R$ 6,7 bilhões, com uma alavancagem de 2,82 vezes o Ebitda considerando a melhora de prazos médios de recebimento, que impacta o ciclo de caixa. A Dasa transferiu R$ 3,5 bilhões de seu endividamento para a nova rede hospitalar formada com a Amil e recebeu um aumento de capital de R$ 1,5 bilhão do controlador que ajudaram a baixar a alavancagem.
O grupo Swiss Medical é uma das maiores seguradoras de saúde da Argentina com 1 milhão de usuários no país. Com essa aquisição, a Swiss passa amplia sua verticalização com uma rede de medicina diagnóstica. A seguradora concorreu com outros grupos argentinos de saúde e fundos de investimento.
A Dasa pode ainda vender os hospitais da Bahia e São Domingos (MA), além da rede de clínicas AMO, também na Bahia. Esses ativos não entraram na fusão de hospitais com a Amil e estão fora do negócio de medicina diagnóstica, que é a prioridade atual da companhia.
“Não há, neste momento, negociações em andamento sobre esses ativos. Eles geram Ebitda”, disse Lucchesi. No segundo trimestre, essas operações hospitalares geraram uma receita líquida de R$ 2,8 bilhões e um Ebitda de R$ 318 milhões.
Foco em medicina diagnóstica
Em julho, após a cisão de sua área hospitalar, a Dasa voltou a ser uma empresa focada em medicina diagnóstica — mercado no qual é líder com uma participação de 15%. No total, a companhia faz, atualmente, o diagnóstico de 400 milhões de exames por ano. A empresa tem cerca de 900 unidades distribuídas no país e é dona de marcas como Delboni, Alta Medicina Diagnóstica, Sérgio Franco, Lavoisier, entre outras.
No primeiro semestre, a Dasa apurou uma receita bruta consolidada de R$ 6,9 bilhões e um Ebitda de cerca de R$ 1,5 bilhão.
O desinvestimento de ativos é parte da reestruturação da Dasa, que chegou a ter quase R$ 10 bilhões em dívidas. A companhia fez uma série de aquisições para criar um ecossistema formado por hospitais, laboratórios, corretora e consultoria de gestão de saúde.
A ideia era integrar esses elos e formar uma cadeia integrada de saúde, com interesses comuns, e não como ocorre, atualmente, em que as operadoras de planos de saúde têm ganho quando os hospitais atendem menos pacientes e vice-versa.
No entanto, com a disparada na taxa de juros, que saiu de 3% na época das aquisições com múltiplos elevados, para o atual patamar de 15%, as aquisições pesaram no balanço, o que obrigou a Dasa abrir mão desse projeto de integração da cadeia.