Tecnologia e governança fortalecem a segurança contra fraudes hospitalares
15/10/2025

Especialistas em segurança da informação e proteção de dados discutiram, durante o HIS 2025, estratégias eficazes para combater a fraude hospitalar — um problema silencioso que ameaça vidas, compromete a sustentabilidade financeira das instituições e fragiliza a confiança entre pacientes e prestadores. 

Os avanços tecnológicos, aliados à integração entre áreas e à conscientização dos colaboradores, têm mostrado resultados concretos e duradouros no combate às irregularidades. 

Projeto antifraude gera economia milionária 

No São Cristóvão Saúde, um projeto antifraude reduziu 86% das perdas financeiras entre 2023 e 2024 e chegou a zero fraudes de boletos em 2025. A solução envolveu parceria entre as áreas de TI e financeira para mapear toda a jornada do boleto — físico e digital — e identificar vulnerabilidades, segundo Patricia Hatae, diretora de Inovação e Tecnologia da instituição. 

O processo incluiu auditorias para rastreabilidade, campanhas de adesão ao débito automático e ferramentas de monitoramento de segurança, o que garantiu maior controle e transparência. 

Outro ponto crítico destacado por Patricia foi a fraude em terapias, em que pacientes não comparecem aos atendimentos, mas mantêm guias ativas. A implantação de tecnologia de reconhecimento facial trouxe um retorno financeiro de aproximadamente R$ 2 milhões. “A gente tem que trabalhar em equipe, porque quem tem essa percepção (da fraude), muitas vezes é a área afetada”, destacou. 

Governança e princípio do menor privilégio 

Para Felipe Raddi, DPO do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a gestão de acessos é um dos pilares da segurança digital. O executivo ressaltou a importância de aplicar o princípio do menor privilégio, capaz de conceder a cada colaborador apenas o acesso estritamente necessário para o desempenho de suas funções. 

Segundo Raddi, muitas vulnerabilidades surgem quando profissionais mantêm acessos “por conveniência” ou “uso eventual”. A recomendação é que fluxos de informação sejam centralizados e supervisionados por setores especializados, o que reduz o risco de exposição indevida de dados sensíveis. 

Comunicação como ferramenta de prevenção 

Além da tecnologia, a comunicação efetiva foi apontada como um componente essencial no combate às fraudes. Pequenas falhas operacionais — como vazamentos de informações durante o transporte físico de exames — podem se transformar em grandes brechas de segurança. 

Para mitigar esse tipo de risco, o São Cristóvão Saúde desenvolveu ações de comunicação direta com pacientes e beneficiários para alertar sobre golpes e reforçar boas práticas no compartilhamento de informações. A medida resultou na redução dos incidentes. 

O público mais visado pelas fraudes, segundo os especialistas, é formado por pessoas acima de 60 anos, grupo que geralmente apresenta menor familiaridade com tecnologia.  

Everson Remedi, gerente de Segurança da Informação e Governança de TI do HCor, destacou que criminosos exploram essa vulnerabilidade. Por isso, defende o uso de mensagens preventivas em painéis, WhatsApp e chatbots, garantindo uma comunicação acessível e constante com o paciente. 

Colaboração interinstitucional fortalece o setor 

troca de experiências entre instituições foi apontada como um dos caminhos mais eficazes para reduzir vulnerabilidades. O grupo ABC, que reúne mais de 100 profissionais de diferentes organizações de saúde em encontros mensais, é exemplo de como a cooperação acelera a adoção de medidas preventivas e melhora o nível de segurança do setor. 

Os especialistas reforçaram que, embora a tecnologia e os processos estruturados sejam fundamentais, a interface humana continua sendo o elo mais frágil da cadeia de segurança. A conscientização constante e o tratamento cuidadoso dos dados de pacientes e colaboradores são indispensáveis. 





Obrigado por comentar!
Erro!
Contato
+55 11 5561-6553
Av. Rouxinol, 84, cj. 92
Indianópolis - São Paulo/SP