O Grupo Fleury anunciou, nesta terça-feira (28), a aquisição do Laboratório São Lucas (LSL), em Rio Claro (SP), por R$ 34 milhões. A operação foi comunicada ao mercado em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Por se tratar de uma negociação pequena, não será necessária a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). “O processo de integração já começa amanhã”, disse Jeane Tsutsui, CEO do Grupo Fleury, ao Valor. 
Essa é a 21ª aquisição do grupo desde 2017, que agora passa a ter 568 unidades de atendimento no país, sendo 128 somente no Estado de São Paulo, das quais 44 estão situadas no interior e litoral paulista. 
 
A empresa calcula um múltiplo implícito de 4,5 vezes a relação entre o Valor da Empresa (EV, em inglês) e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), com a perspectiva de alcançar 3,4 vezes EV/Ebitda pós-sinergias.
Com três unidades, sendo duas em Rio Claro e uma em Santa Gertrudes, o SLS é referência em análises clínicas e vacinas e atingiu de R$ 24 milhões de receita em 12 meses encerrados em maio deste ano. “É um movimento que aumenta a nossa presença em uma região estratégica, de forte crescimento socioeconômico”, afirma Tsutsui.
Entre 2011 e 2021, o PIB de Rio Claro (SP) apresentou um crescimento médio anual de 2,9%, superando o desempenho nacional de 1,5% no mesmo período. De acordo com dados da Agência Nacional de Saúde (ANS), 39,8% da população do Estado de São Paulo têm acesso à saúde suplementar, enquanto na região de Rio Claro, esse índice salta para cerca de 45% de cobertura assistencial.
A companhia já atuava na região com operações em Campinas. Em novembro de 2024, houve a aquisição do laboratório Confiance, que possui 25 unidades distribuídas em Campinas, Indaiatuba, Valinhos, Vinhedo, Hortolândia, Paulínia e Sumaré, incluindo coleta domiciliar. Há também operações em Jundiaí, São José dos Campos e no litoral sul do Estado.
Tsutsui afirma que o grupo continuará avaliando oportunidades alinhadas aos três pilares que norteiam fusões e aquisições: regiões estratégicas, alinhamento cultural e disciplina econômico-financeira. “Temos uma alavancagem de uma vez a relação entre a dívida líquida e o Ebitda, o que nos permite fazer novos movimentos, desde que alinhados a esses critérios”, disse.
Conversas com a Rede D’Or
Em julho, veio à público que acionistas do Fleury tiveram conversas com a Rede D’Or sobre para uma possível aquisição da rede de medicina diagnóstica. Segundo fontes disseram ao Valor, a operação envolveria pagamento em dinheiro, podendo ter também troca de ações. 
 
Em comunicados enviados ao mercado, as duas empresas disseram que não há decisão, proposta ou documentos assinados sobre a possível operação. “Houve tratativas preliminares, mas neste momento não existe definição”, disse Tsutsui. 
 
O negócio pode girar na casa dos R$ 10 bilhões. Atualmente, o Fleury vale na bolsa R$ 7 bilhões, incluindo prêmio de 30% — percentual padrão em transações envolvendo o controle. O valor de mercado da Rede D’Or é de R$ 93,9 bilhões, segundo cotação desta terça-feira.