Um em cada dez medicamentos comercializados em países de baixa e média renda é falsificado ou de baixa qualidade, segundo a ONU
Mais de 110 pessoas, entre associados da Anahp e da Interfarma, participaram do webinar “Falsificação de Medicamentos”, realizado na manhã desta quinta-feira (30). O encontro contou com a presença de Evelyn Tiburzio, diretora Técnica da Anahp; Isabel Pimentel, diretora de Comunicação da Interfarma; e Erika Rufino, coordenadora Técnica do GT Combate à Falsificação da entidade, além de representantes da Pfizer, Daiichi Sankyo, Novo Nordisk, Johnson & Johnson e Eli Lilly, que compartilharam casos reais de falsificações ocorridas no Brasil.
Também foi apresentada a cartilha “Falsificação de Medicamentos – Cartilha de Conscientização aos Consumidores”, elaborada com o apoio da Interfarma, em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e o Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP).
O debate online teve como principais objetivos abordar a importância do fortalecimento dos marcos regulatórios e dos mecanismos de conformidade, ampliar a conscientização e a educação do público sobre os perigos do contrabando e da venda ilegal de medicamentos, além de promover a responsabilidade na prescrição entre os profissionais de saúde.
Os números apresentados durante o evento reforçam a gravidade do problema. As vendas online de produtos ilegais já representam 36% do total de itens falsificados, e o prejuízo estimado com medicamentos e produtos hospitalares falsos chega a R$ 11,5 bilhões. Uma pesquisa realizada pelo Procon com 686 pessoas revelou que 63% dos consumidores já receberam algum produto falsificado em vez do original.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), um em cada dez medicamentos comercializados em países de baixa e média renda é falsificado ou de baixa qualidade. O cenário se agrava com a expansão das vendas em canais digitais não autorizados, como redes sociais e sites sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) — prática proibida pela RDC nº 44/2009.
O desconhecimento dos riscos também preocupa. Muitos consumidores não conseguem identificar embalagens adulteradas e acabam adquirindo produtos sem ingredientes ativos. Nesses casos, os medicamentos falsificados não tratam as doenças e podem provocar complicações graves, especialmente em pacientes com condições crônicas ou agudas, chegando a colocar a vida em risco.
“Atuar no enfrentamento do mercado ilegal de medicamentos é tarefa de todos – governos, setor privado, profissionais da saúde e cidadãos. Educar a população é essencial, mas também precisamos fortalecer as políticas públicas de controle e fiscalização. A falsificação de medicamentos não pode ser tratada como um crime menor; ela ameaça vidas todos os dias,” afirmou Isabel Pimentel, diretora de comunicação da Interfarma.
“Demos hoje um importante passo para esclarecer um tema fundamental para o nosso setor, que afeta toda a cadeia da saúde: a questão da falsificação de medicamentos, uma ameaça real à segurança dos pacientes, à credibilidade das instituições e à sustentabilidade do setor como um todo. Acreditamos que o enfrentamento desse problema só é possível por meio do diálogo, da articulação e da troca de conhecimento entre os entes da cadeia, como fizemos aqui. Nossos associados seguem comprometidos em apoiar e fortalecer iniciativas como esta, voltadas ao uso seguro dos medicamentos, porque é a saúde do paciente, do usuário final do sistema, que está em risco”, afirmou Evelyn Tiburzio, diretora Técnica da Anahp.