Mais de 6,6 milhões de atendimentos por telemedicina foram realizados no Brasil entre 2020 e 2025, segundo o relatório preliminar “Painel de Indicadores de Saúde Digital”, elaborado pela Saúde Digital Brasil (SDB). Desse total, 87% ocorreram por teleconsultas e 13% via telemonitoramento, evidenciando a consolidação da telessaúde como uma prática segura, eficiente e integrada ao sistema nacional de saúde.
O avanço da modalidade reflete um movimento de amadurecimento do setor e impulsiona a atualização de diretrizes que orientam a prática. No dia 29 de outubro, a SDB lançou, na sede da Fiesp, em São Paulo, a segunda edição do Manual de Boas Práticas de Telemedicina e Telessaúde, documento que consolida referências técnicas e éticas para o desenvolvimento sustentável da saúde digital no país.
A nova edição amplia o escopo de orientações ao incorporar capítulos inéditos sobre telenfermagem e saúde mental digital — dois campos em rápida expansão.
O capítulo sobre telenfermagem reconhece o protagonismo dos profissionais de enfermagem no cuidado remoto, com práticas de telemonitoramento, educação em saúde, protocolos de segurança e inovação assistencial.
Já o capítulo de saúde mental digital discute os desafios e benefícios da telepsiquiatria, processos de avaliação psicológica em ambiente virtual e o uso ético de tecnologias como inteligência artificial (IA) e realidade aumentada no suporte emocional aos pacientes.
Outros pontos de atualização incluem o capítulo “Documentos Eletrônicos de Saúde”, que aborda a emissão, uso e integração de registros de dispensação digital. Também ganham espaço os temas de proteção de dados e segurança da informação, com orientações sobre governança, atuação do Data Protection Officer (DPO) e do Chief Information Security Officer (CISO), e adoção de frameworks internacionais como ISO/IEC 27001 e CIS Controls.
“O Brasil vive uma transformação profunda na forma de cuidar das pessoas. Esta nova edição traduz o compromisso da SDB com uma saúde digital ética, inclusiva e responsável, capaz de unir tecnologia e humanidade”, comenta Carlos Pedrotti, presidente da SDB e gerente médico do centro de telemedicina do Hospital Albert Einstein.
Com mais de 200 páginas, o manual foi elaborado por especialistas de instituições, como Hospital Albert Einstein, Dasa, Grupo Fleury, Sabin, que compõem o corpo técnico da associação. Cada capítulo foi desenvolvido com base em experiências práticas e alinhamento à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e aos referenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O manual também reforça os princípios de interoperabilidade, destacando o uso do padrão HL7 FHIR e a adesão à Estratégia de Saúde Digital para o Brasil (2020–2028), fundamentais para a integração segura de sistemas e fortalecimento da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS).
“Mais do que um guia técnico, o manual propõe uma cultura digital responsável, que valoriza a ética, transparência e o protagonismo dos profissionais e pacientes no processo de transformação digital na saúde”, afirma Michele Alves, gerente executiva da SDB.
Além das diretrizes técnicas, o documento traz recomendações práticas sobre competências profissionais em saúde digital, governança clínica, indicadores de qualidade e equidade no acesso, além de orientações para formação de equipes e gestão de serviços de telessaúde.
A SDB define o manual como um instrumento vivo, sujeito a atualizações contínuas, que reflete a evolução do setor e o compromisso com um cuidado cada vez mais integrado e sustentável.
A iniciativa consolida o papel da entidade como uma das principais referências nacionais na representação do ecossistema de saúde digital, conectando sociedade, governo, empresas e profissionais em torno de um propósito comum: fortalecer uma saúde mais acessível, eficiente e humana. Acesse o manual completo!