Indústria de dispositivos médicos avança, mas crédito caro e estoques cheios preocupam
12/11/2025

O setor brasileiro de dispositivos médicos manteve trajetória positiva em setembro, com indicadores que refletem a resiliência industrial mesmo diante do ambiente global de incertezas. A nova Pesquisa de Conjuntura da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO) mostra que 62,5% das empresas registraram aumento nas vendas e 57,5% elevaram a produção na comparação com o mesmo mês de 2024. 

O levantamento também aponta que 45% das indústrias ampliaram o quadro de funcionários e 47,5% aumentaram os investimentos no bimestre agosto/setembro de 2025 em relação ao ano anterior — resultado que reforça a confiança em uma retomada gradual do setor. 

“O desempenho do setor segue surpreendendo positivamente, sobretudo num contexto de juros altos, pressão inflacionária e competição internacional acirrada. Isso mostra que a indústria nacional de dispositivos médicos tem se mostrado ágil e preparada para responder às demandas do mercado interno e externo”, destaca Larissa Gomes, gerente de Projetos e Marketing da ABIMO. 

O estudo também revela avanço na produtividade, com crescimento em 57,5% das empresas em setembro de 2025, em comparação com o mesmo mês de 2024 — movimento que reforça a importância da inovação e da eficiência operacional como pilares da competitividade. Por outro lado, 47,5% dos empresários relataram estoques acima do normal e 37,5% apontaram aumento da inadimplência no período, dois sinais que exigem atenção na reta final do ano. 

Segundo Larissa, os números pedem cautela na gestão financeira: “O crédito está caro e seletivo. Com juros reais próximos de 10% e linhas privadas acima de 25% ao ano, o setor precisa equilibrar expansão com prudência, mantendo o foco em produtividade e inovação para garantir sustentabilidade.” 

Expectativas seguem otimistas para o fim do ano 

As projeções para o último bimestre de 2025 permanecem positivas. Quase 59% das empresas esperam aumento nas vendas e 54% projetam alta na produção até dezembro. Também há otimismo moderado em relação ao emprego e aos investimentos, com 46% das companhias prevendo novas contratações e o mesmo percentual planejando ampliar aportes. 

Contexto global e desafios estruturais 

Apesar dos bons resultados, o cenário internacional segue desafiador. O World Uncertainty Index indica que a incerteza global permanece em níveis elevados, pressionada pelos conflitos na Europa, Oriente Médio e América Latina, além dos reflexos da disputa comercial entre Estados Unidos e China. Esses fatores impactam diretamente a cadeia produtiva, especialmente no fornecimento de semicondutores — insumo essencial para parte dos dispositivos médicos. 

A ABIMO ressalta que políticas industriais como a Nova Indústria Brasil são fundamentais para sustentar o desenvolvimento do segmento no longo prazo. “É essencial que essas iniciativas tenham continuidade e transcendam governos, pois o desafio de consolidar a autonomia tecnológica brasileira exige uma estratégia nacional de longo alcance”, conclui Larissa. 





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