O avanço da saúde depende de pautas políticas e integração setorial
18/11/2025

No último dia 21 de outubro, o Instituto Coalizão Saúde (Icos) reuniu autoridades e sociedade civil para apresentar uma agenda propositiva para a saúde do país para os próximos anos. O evento Coalizão Saúde – Diálogos com a Sociedade: Acesso e Equidade, realizado pelo Icos em parceria com a Fiesp, marcou o lançamento da publicação “Propostas para a Saúde do Brasil 2023 – 2030”, que compila os principais desafios do setor e suas possíveis soluções. 

Claudia Cohn, vice-presidente do Icos e diretora-executiva da Dasa, abriu o encontro ressaltando que a demanda por saúde é cada vez mais urgente e que, com confiança e profissionalismo, é possível trazer discussões de extrema importância para enfrentar períodos difíceis e construir um futuro melhor para o setor. 

Em seguida, Giovanni Cerri, presidente do Conselho de Administração do Icos e do Inova-HC, destacou os quatro pilares das propostas apresentadas. São eles: financiamento e sustentação; gestão operacional e assistencial; saúde digital integrada; inovação e o complexo científico e tecnológico. 

Plano de ação para os próximos anos 

O documento conta com propostas de ações objetivas e viáveis para cada um dos eixos citados e, ainda que voltadas aos governos federal e estadual com foco nos próximos quatro anos de atuação, podem também orientar debates nas mais diversas organizações de saúde, universidades, centros de pesquisa e inovação e outros setores interessados. 

São soluções que apontam para caminhos que levam a um maior acesso da população à saúde e à qualidade no atendimento oferecido, considerando sempre a sustentabilidade financeira e as inovações necessárias para que, além de melhorias, também sejam proporcionados avanços no setor. 

“Nosso objetivo é trazer também esperança. Mais de 30 pessoas participaram da formação desse documento, que foi consolidado com propostas que estão sendo bem recebidas. O Icos conta com a tradição de elaborar propostas inovadoras para a saúde do país e entende que as ações propostas requerem a mobilização dos atores de toda a sociedade, e não apenas da saúde, para que tenham o impacto e resultados desejados”, afirmou Cerri. 

Saúde: um papo de política 

Foi Ruy Baumer, presidente do ComSaude-Fiesp e do Sinaemo, que iniciou a discussão política, lembrando que 75% da população brasileira utiliza os serviços do SUS, um setor que precisa de programas de Estado de longo prazo. “Sem nos perder em imediatismos ou populismos, precisamos atender à saúde e retomar a presença mundial que já tivemos”, disse ele. 

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga Filho, definiu de o SUS como sendo a principal ferramenta de justiça social, afirmando que é dever de cada brasileiro defendê-lo. “Precisamos reconhecer o valor da saúde e consolidar a sua rede nacional de dados. E isso está sendo feito. Não há caminho melhor do que fortalecer a saúde pública do que a política de Estado, principalmente para um país continental como o Brasil”, destacou. 

Já o ex-governador do estado de São Paulo Geraldo Alckmin ressaltou o fato de o SUS ser um modelo de sucesso para o mundo e lembrou também a Lei 8080/90, da qual foi relator, que regula os serviços de saúde em todo o território nacional, estabelecendo a obrigatoriedade do Estado em fornecê-la. “Hoje, é preciso pensar na sinergia entre os modelos de saúde pública e suplementar, em uma reforma tributária para desonerar a saúde e nos ganhos com o uso da tecnologia. Novos fatores devem ser considerados para que sigamos sendo uma referência global”, apontou. 

Para fechar a primeira mesa de discussões, Antônio Britto, ex-governador do estado do Rio Grande do Sul e atual diretor-executivo da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), elogiou o documento apresentado e reforçou que, existindo um consenso em relação aos diagnósticos do setor, é preciso enfrentar as causas identificadas com urgência. “A saúde certamente também é uma questão política e o setor está ansioso para as soluções que precisam vir no próximo ano. Estamos na esperança de que o sofrimento sentido na pandemia não seja desonrado e que tenhamos mais oportunidades de trabalhar para resolver os problemas que a crise sanitária revelou.” 

Giovanni Cerri observou ainda que, apesar de o evento contar com políticos de tendências diferentes, o debate teve mais convergências do que divergências. “Ficou claro que sabemos o que temos que fazer. O caminho está na saúde digital, na regionalização da saúde, na sustentabilidade financeira e na inovação. Existe a vontade política de fazer, mas talvez o setor privado tenha que ajudar também. Os setores público e privado, o parlamento e o Executivo colaborando juntos para fazer avançar propostas é algo possível, não um sonho distante.” 

Novos caminhos para o modelo de saúde atual 

A segunda mesa de discussão do evento Coalizão Saúde – Diálogos com a Sociedade: Acesso e Equidade contou com a participação dos parlamentares Dr. Luizinho, deputado federal – R J (PSD); Adriana Ventura, deputada federal – SP(Novo); Pedro Westphalen, deputado federal – RS (PP); Daniel Soranz, deputado federal (PSD); Eleuses Paiva, deputado federal – SP (PSD); Marco Bertaiolli, deputado federal – SP (PSD); e Carmen Zanotto, deputada federal – SC (Cidadania). 

Suas falas corroboraram a conclusão a que se havia chegado no início do encontro: apesar de fazerem parte de diferentes partidos e terem distintas visões políticas, seus objetivos são o mesmo: repensar o modelo de saúde para que seja viável não apenas manter o SUS, mas melhorá-lo para que chegue com mais qualidade a cada vez mais cidadãos brasileiros. 

As palavras-chave da discussão foram gestão e integração, apontando para um caminho em que todos os atores do setor devem andar juntos para que os avanços sejam possíveis. Outro destaque foi a notícia de que o fórum deverá ganhar frequência permanente, para acompanhar a implementação das propostas apresentadas. “Não queremos que essa seja uma discussão que se encerre, mas que seja perene, até para ajudar o governo a implantar a saúde que merecemos e precisamos”, concluiu o presidente do Conselho de Administração do Icos, Giovanni Cerri. 





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