Estudo do IESS retrata mudanças no cuidado da saúde da mulher
18/11/2025

Queda nas consultas ginecológicas e obstétricas, redução dos partos – especialmente cesarianas –, retração nos exames preventivos e avanço expressivo de métodos contraceptivos de longa duração, como o DIU. Dados da saúde suplementar refletem mudanças importantes no comportamento das mulheres no cuidado com a saúde e são a base do novo estudo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), “Análise do perfil da saúde da mulher entre as beneficiárias: Evolução da produção entre 2019 e 2024”.

O trabalho, disponível no site do IESS, promove uma análise integrada das informações e revela uma reorganização consistente das práticas de cuidado feminino ao longo dos últimos anos, sobretudo após a pandemia, além de destacar desafios relevantes para estimular ações preventivas de saúde.

“Os dados mostram que as mulheres estão adotando novas escolhas de cuidado e postergando a maternidade, mas também alertam para a necessidade de fortalecer a prevenção. A queda de exames essenciais precisa ser vista com muita atenção”, avalia José Cechin, superintendente executivo do IESS.

Ao utilizar dados extraídos do Mapa Assistencial da ANS, referentes aos procedimentos realizados pelos planos de saúde, o estudo observa que, em 2024, 27,5 milhões de mulheres eram beneficiárias da saúde suplementar, ante 25 milhões em 2019, um crescimento de 10% no período. Em agosto de 2025, o número chegou a 27,9 milhões, mantendo a participação feminina em 52,8% dos vínculos ativos.
 

Alerta

Mesmo com mais beneficiárias, houve queda em alguns procedimentos entre 2019 e 2024, sobretudo preventivos, como consultas ginecológicas (–12%). Outro ponto de atenção é a redução de 18,4% nos exames Papanicolau e entre 10% e 12% nas mamografias — variação que ocorre porque o estudo acompanha diferentes classificações do exame (convencional/digital, outros tipos e a faixa etária prioritária de 50 a 69 anos), todas apontando queda semelhante.

“A pandemia interrompeu fluxos assistenciais e atrasou rotinas de rastreamento. Mesmo após a normalização dos serviços, a retomada da prevenção não avançou no ritmo necessário”, observa Cechin, ao comentar os efeitos remanescentes do período sobre os indicadores de saúde feminina.

Os métodos contraceptivos de longa duração avançaram, com crescimento de 33,1% no implante de DIU no período analisado. A queda da fecundidade no país — 1,55 filho por mulher em 2022 — já impacta o padrão de uso dos serviços. As consultas ginecológicas e obstétricas caíram 12% entre 2019 e 2024, acompanhando a redução do total de partos, com quedas de 27,9% nas cesarianas e 9,2% nos partos normais. Ainda assim, a cesariana permanece predominante: 79,8% dos partos na saúde suplementar em 2024, muito acima da recomendação da OMS (10% a 15%).

Na oncologia feminina, a mastologia subiu 2,9%, enquanto as internações cirúrgicas relacionadas ao câncer de mama caíram 16,7%, indicando maior detecção precoce, ampliação de terapias menos invasivas e reorganização dos fluxos assistenciais.

“Quando vemos menos cirurgias e mais atendimentos especializados, isso sugere avanços importantes na detecção precoce e no manejo clínico. É um movimento positivo que precisa ser consolidado”, conclui Cechin.





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