Em busca da música perfeita para 'malhar'
Valor Econômico
02/04/2013

Em busca da música perfeita para "malhar"

Por Sumathi Reddy | The Wall Street Journal

 

 
Luciana Cavalcanti/Folhapress / Luciana Cavalcanti/Folhapress
Para especialistas, as pessoas têm um nível menor de percepção do esforço quando se exercitam com fundo musical

 

Você está procurando uma música perfeita para malhar na academia? "Beat It", de Michael Jackson, tem o ritmo ideal, assim como "Summer of 69", de Bryan Adams, e "Edge of Glory", de Lady Gaga.

Pesquisas descobriram que a música, no ritmo certo, pode reduzir a sensação de esforço e aumentar a motivação. Costas Karageorghis, vice-diretor da Escola de Esporte e Educação da Universidade Brunel, de Londres, diz que a música ideal para o treino fica entre 125 e 140 batidas por minuto quando a pessoa não tenta sincronizar seus movimentos com a música. Antes, os especialistas acreditavam que, quanto mais rápido a pessoa se exercitasse, mais rápido deveria ser o ritmo da música.

Outros novos estudos concluíram que, quando um atleta sincroniza seus movimentos com um ritmo musical, seu corpo suporta mais esforço. Quem caminha na esteira mostra mais energia e os ciclistas exigem menos absorção de oxigênio. Os nadadores que ouvem música durante as provas as terminam antes dos que os outros que não o fazem.

"A música pode alterar a excitação emocional e fisiológica de um modo bem parecido com um estimulante ou sedativo farmacológico", afirma Karageorghis, que já deu assessoria psicológica para várias empresas de equipamentos musicais e esportivos, assim como para atletas olímpicos. "A música tem a capacidade de estimular a pessoa mesmo antes de ela entrar na academia", acrescenta.

Os benefícios da música parecem mais evidentes nos exercícios de intensidade baixa a moderada - em outras palavras, ela é mais eficaz para quem faz exercícios recreativos do que para os atletas de elite, dizem os cientistas. E encontrar a batida certa não é difícil, já que incontáveis exemplos de músicas populares se situam dentro da faixa rítmica ideal e a maioria dos outros gêneros musicais também tem músicas que se enquadram nesse intervalo, diz Karageorghis.

Sylwia Wiesenberg, dona da Tonique Fitness, uma academia da cidade de Nova York, diz que mantém em mente o ritmo quando compila listas de música para suas duas horas de aula de exercícios cardiovasculares e de musculação. "A parte mais difícil da aula são os primeiros 15 a 20 minutos", diz ela. "Eu uso a música como meu poderoso instrumento para incentivar as pessoas a ir além."

Um estudo publicado no ano passado no "Jornal de Medicina Esportiva e de Aptidão Física" descobriu que os ciclistas que sincronizam seus movimentos com a música reduziram seu consumo de oxigênio em até 7%. O estudo testou três andamentos musicais diferentes em 10 homens que pedalaram por 12 minutos a 70% da frequência cardíaca máxima.

Outra experiência, feita com 30 pessoas caminhando em esteiras, concluiu que se exercitar no ritmo da música aumenta a resistência. Um grupo de participantes caminhou com música motivacional, outro com música neutra e um terceiro grupo sem música. A resistência aumentou nos dois grupos que ouviram música, mas a música motivacional apresentou o melhor efeito. O estudo foi publicado no "Jornal de Medicina Esportiva e de Aptidão Física" em 2009.

Alguns especialistas dizem que a maioria dos benefícios do exercício com música vem de fatores psicológicos. "Quando a pessoa corre com música, o nível de percepção que tem do seu esforço é menor do que quando não usa música ou outros recursos", diz Gershon Tenenbaum, diretor de pós-graduação em psicologia do esporte e do exercício na Universidade Estadual da Flórida. Esses benefícios tendem a desaparecer quando a pessoa começa a se exercitar em níveis muito intensos, diz ele.

Tenenbaum afirma que benefícios similares foram observados quando o atleta é instruído a imaginar que está em certo lugar, tal como na praia, ou fica exposto a certos aromas, como a lavanda.

David-Lee Priest, pesquisador da Universidade de East Anglia, em Norwich, na Inglaterra, diz que a música é capaz de desviar a atenção através de um mecanismo neurológico. Os resultados desagradáveis do exercício, tais como a dificuldade de respiração, transpiração ou rigidez muscular, são transferidos para o cérebro por meio do sistema nervoso aferente, ou sensorial. Ouvir música interfere na transmissão dessas sensações, diz ele. "Antes que você fique ciente da fadiga, a música vai bloquear as sensações de cansaço e de esforço, de modo que você não vai percebê-las plenamente", diz ele. Esse bloqueio ocorre apenas até um determinado ponto, que é de cerca de 70% da capacidade máxima da pessoa, diz.

Em um estudo recente, Karageorghis e seus colegas testaram os efeitos de música em nadadores. Após três semanas durante as quais eles se adaptaram a nadar com os fones de ouvido, os pesquisadores realizaram três experimentos com 26 nadadores universitários que completaram testes de 200 metros em nado livre. Eles ouviram música motivacional, música neutra ou nadaram sem música. Os dois grupos com música reduziram seu tempo em três segundos. Embora esse ganho represente uma melhoria de só 2% no desempenho, Karageorghis diz que é suficiente para diferença em provas de competição.

Os nadadores que ouviram música também relataram um salto de 10% em seu nível de motivação em comparação aos que nadaram sem música. O estudo, previsto para ser publicado na revista "Psicologia do Esporte e do Exercício", foi patrocinado pela empresa de produtos para natação Speedo International.

 

© 2000 – 2012. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico. 

Leia mais em:





Obrigado por comentar!
Erro!
Contato
+55 11 5561-6553
Av. Rouxinol, 84, cj. 92
Indianópolis - São Paulo/SP