Inova Saúde apoia biotecnologia
Valor Econômico
19/04/2013

Inova Saúde apoia biotecnologia

Por Carmen Nery | Para o Valor, do Rio

O BNDES e a Finep lançaram uma nova modalidade de financiamento de equipamentos médicos que foi denominada Inova Saúde. A nova linha de crédito foi anunciada no dia 11 e utiliza recursos do Profarma BNDES (Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde). Trata-se de um plano conjunto das duas instituições de fomento e do Ministério da Saúde para apoio à inovação tecnológica no setor de equipamentos médicos e tecnologias para a saúde. Insere-se no âmbito do programa Inova Empresa, previsto no plano da nova política industrial anunciado pela presidente Dilma Rousseff em março passado. O orçamento previsto é de R$ 600 milhões, sendo R$ 275 milhões do BNDES e igual valor da Finep, além de outros R$ 50 milhões do Ministério da Saúde.

Segundo João Paulo Pieroni, gerente do departamento de produtos intermediários químicos e farmacêuticos do BNDES, as empresas poderão obter apoio da instituição por meio de recursos não reembolsáveis, participação acionária ou crédito. A Finep, por sua vez, oferecerá subvenção econômica e crédito. As empresas têm até 14 de junho para encaminhar a carta de manifestação de interesse por esse programa.

 

 

As linhas temáticas, previstas no programa de incentivo financeiro, incluem diagnóstico in vitro e por imagem; dispositivos implantáveis; equipamentos eletromédicos e odontológicos e TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação em Sistemas e Serviços de Saúde) com foco em integração com sistemas de gestão e mobilidade. "São as áreas onde são criadas oportunidades segundo o estudo setorial do BNDES", diz Pieroni.

O programa BNDES Profarma foi renovado com vigência de mais quatro anos e teve seu orçamento elevado para R$ 5 bilhões. Nesta terceira fase do programa, que vai até 2017, está sendo introduzido um novo subprograma, o Profarma - Biotecnologia. A ênfase será no em desenvolvimento e produção de produtos biotecnológicos e apoio a planos estruturados de P&D e inovação na cadeia da saúde, por meio de condições e taxas especiais.

Desde que foi criado em 2004, o Profarma já deu apoio a 88 operações - aprovadas e ou contratadas -, com total de financiamento de cerca de R$ 1,9 bilhão. As empresas que se beneficiaram do programa tiveram saltos significativos em suas operações. Um exemplo é a Lifemed, fabricante nacional de equipamentos médicos, que, desde 2007, obteve financiamentos somando R$ 20 milhões.

Os recursos desse programa de fomento foram aplicados na construção de uma nova planta industrial em Pelotas (RS) - que triplicou a capacidade de produção da empresa - e para revisão de processos, aquisição de máquinas e equipamentos nacionais e investimentos em P&D.

Com R$ 8 milhões do Profarma Inovação, a empresa desenvolveu cinco novos produtos, três dos quais já lançados, como uma nova bomba de infusão de precisão para administração de soro e medicamentos, monitores cardíacos multiparamétricos e uma reprocessadora automática para endoscópio. "Este setor, no Brasil, deve passar por uma consolidação e a Lifemed se coloca como potencial consolidadora. Saltamos de um faturamento de R$ 40 milhões em 2006 para R$ 120 milhões este ano e a participação de mercado cresceu de 20% para 34%", comemora Franco Pallamolla, presidente da empresa.

Já a Recepta recebeu aporte de R$ 28,7 milhões da BNDESPar para um aumento de capital de R$ 40 milhões, do qual participaram também os sócios Emílio Odebrecht e Jovelino Mineiro. A operação foi concluída em julho de 2012 e o BNDESPar passa a ter 16% do capital da empresa. Segundo seu presidente Fernando Peres, o modelo de negócio de uma empresa de biotecnologia como a Recepta - que desenvolve anticorpos para tratamento do câncer - não é o de levar o produto ao mercado consumidor final e sim fornecer insumos para as farmacêuticas.

A Recepta foi citada, em março deste ano, em artigo da revista "Nature Biotechnology", entre as quatro companhias - BMS, GSK, Immunomed e Recepta/4antibody! - que vêm desenvolvendo anticorpos de novíssima geração. Peres explica que o anticorpo RebmAb 100 está em testes clínicos de Fase II em pacientes com tumor de ovário e de mama. O anticorpo RebmAb 200 deverá ser testado clinicamente a partir do terceiro trimestre de 2013.

"Agora vamos negociar com companhias farmacêuticas o licenciamento ou parcerias para a realização de testes clínicos de Fase III e a comercialização da droga. Isso só foi possível por causa do investimento do BNDESPar e dos outros sócios da empresa, que permitiu o início de uma parceria com a fabricante suíça 4-Antibody e com o Instituto Ludwig para o desenvolvimento clínico de três anticorpos imunomoduladores para o tratamento do câncer", diz Peres.

A EMS obteve diversas linhas de financiamento que somam R$ 240 milhões, por meio do subprograma Profarma Produção, em 2007, para ampliação e modernização produtivas, como a nova unidade de embalagem de medicamentos sólidos do laboratório, inaugurada em fevereiro de 2013, totalmente robotizada e com capacidade de produção de 76 milhões de unidades/mês.

A empresa também conseguiu recursos do Profarma Inovação, em 2009, para pesquisa e desenvolvimento de novos produtos farmacêuticos com inovações tecnológicas, que geraram depósitos de patentes no Brasil e no exterior. Entre as inovações está o medicamento Patz SL, lançado em 2012 e que, de acordo com Mário Nogueira, vice-presidente corporativo da EMS, hoje é referência no segmento para o tratamento de insônia. Outro exemplo é o medicamento Valsartana, lançado em 2011, indicado para o tratamento de pressão alta, insuficiência cardíaca e pós-infarto do miocárdio em pacientes recebendo terapêutica usual.

 

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