Escolas de negócios medem a inteligência emocional dos alunos
Valor Econômico
06/05/2013

Escolas de negócios medem a inteligência emocional dos alunos

Por Melissa Korn | Do Wall Street Journal

 

 
Neal Hamberg/Bloomberg News / Neal Hamberg/Bloomberg News
A escola de negócios de Yale vai experimentar o teste de inteligência emocional em um grupo de candidatos voluntários

 

Esqueça o que você sabe. As escolas de negócios querem cada vez mais saber o que você sente. Para poder escolher dentre numerosos candidatos bem qualificados e ter uma ideia do ser humano por trás da papelada, as escolas americanas de negócios estão adicionando testes de personalidade e entrevistas padronizadas às suas tradicionais baterias de redações, currículos e cartas de recomendações. Agora, potenciais alunos de MBA precisam mostrar características emocionais como empatia, motivação, superação e muitas outras.

Medir o quociente de inteligência emocional, ou QE, é o método mais recente das escolas para identificar futuras estrelas. Como os alunos já começam sua procura por um emprego assim que chegam ao campus, as instituições têm pouco tempo para corrigir eventuais falhas. "Empresas selecionam os melhores talentos com avaliações como esta", diz Andrew Sama, diretor associado de admissões do programa de MBA da Mendoza College of Business, da Universidade de Notre Dame. "Se estamos escolhendo futuros líderes empresariais, por que não usamos ferramentas semelhantes?"

Desde meados de 2010, os candidatos da Mendoza têm sido obrigados a preencher um questionário on-line de 206 itens chamado Inventário de Características Pessoais. O questionário avalia os inscritos baseado nas características que a escola encontrou nos estudantes e formandos mais bem-sucedidos, tais como liderança e capacidade de trabalhar em equipe.

É difícil determinar as respostas "certas". Uma das perguntas, por exemplo, é a seguinte: "Quais são as suas fontes de novas ideias?" As respostas de múltipla escolha incluem "leitura", "minhas próprias reflexões", "especialistas no assunto", "família e amigos" e "pessoas com quem trabalho". Os melhores estudantes tendem a fornecer as mesmas respostas, afirma a Mendoza.

Paul Toboni, um aluno do primeiro ano de MBA da escola, disse que "não conseguiu ser vago ou dar uma resposta superficial" no teste on-line, ao contrário do que aconteceu na entrevista. Ainda assim, Toboni, de 23 anos, disse que estava satisfeito com o fato de a escola estar avaliando sua personalidade e não apenas o tamanho do seu currículo, porque ele tinha pouca experiência profissional.

Com base na avaliação, a Mendoza classifica os alunos como "recomendados" ou "não recomendados", embora a escola possa acabar admitindo certos estudantes da segunda categoria e rejeitando outros da primeira. A escola planeja acompanhar de perto os formandos da turma atual, pois eles são os primeiros selecionados a partir de uma avaliação explícita do QE. A instituição afirma que os primeiros indícios mostram que aqueles que obtiveram uma boa pontuação na avaliação são altamente engajados nas atividades em sala de aula e nos clubes.

A Yale School of Management, escola de negócios da Universidade Yale, por sua vez, pretende experimentar, nas próximas semanas, o teste de inteligência emocional Mayer-Salovey-Caruso em voluntários do seu grupo atual de candidatos. Segundo Bruce DelMonico, vice-reitor e diretor de admissão de MBA, os resultados da autoavaliação on-line não vão afetar as decisões de admissão porque a instituição está apenas recolhendo dados das características que preveem o sucesso.

O teste de 141 itens - do qual o reitor da Universidade Yale, Peter Salovey, foi um dos criadores - mede a capacidade dos candidatos de administrar ou entender suas próprias emoções com perguntas sobre situações cotidianas. "A avaliação de talentos é uma ciência difícil," diz DelMonico, embora acrescente que está ficando mais fácil quantificar, ou pelo menos entender, o que precisa ser avaliado.

A Tuck School of Business, escola de negócios da Universidade Dartmouth, atualizou o seu formulário de recomendações este ano, ajustando as perguntas para melhor avaliar o QE. A instituição pede às pessoas que indicaram um candidato que o classifique quanto à sua capacidade de lidar com pressão, curiosidade intelectual e outras características. Dawna Clarke, diretora de admissões, diz que ainda está procurando um teste que meça o QE com precisão e consistência.

Esse tipo de avaliação não é algo completamente novo. A Sloan School of Management, escola de negócios do MIT, introduziu seu "modelo de competência" em 2000, criando uma grade que mede o sucesso demonstrado, tais como os resultados dos testes, experiência profissional destacada e ainda atributos pessoais como a habilidade de se relacionar. A escola não aplica um teste, mas realiza entrevistas comportamentais que exigem que os candidatos apresentem exemplos de ocasiões em que demonstraram vários elementos de QE. "Você está avaliando um comportamento intrínseco", diz Rod Garcia, diretor de admissões da Sloan.

Embora um QE baixo não descarte completamente alguém que seja muito bom nos outros requisitos, diz Garcia, um QE alto - pelo menos em certos casos - pode compensar um desempenho medíocre em outros testes. De acordo com ele, a Sloan é "um tanto flexível" quanto à pontuação no GMAT e as qualificações acadêmicas.

 

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