Aplicativos de celulares e tablets vigiam doentes crônicos para ajudar médicos e pacientes
20/05/2013
  • Mercado promete movimentar o equivalente a R$ 4 bilhões na América Latina em 2017, com maior participação do Brasil segundo consultoria

Tópicos da matéria

Duilo Victor

Publicado:

Vigilância. Haruiko Hayakawa usa um sistema de monitoramento para informar ao médico seu índice de glicose pelo tablet
Foto: Eliária Andrade

Vigilância. Haruiko Hayakawa usa um sistema de monitoramento para informar ao médico seu índice de glicose pelo tablet Eliária Andrade

{C}

RIO - Quem pensa que a tecnologia só evoluiu em direção aos robôs cirurgiões da ficção científica pode se surpreender em saber que a grande revolução da telemedicina está em um aparelho de telefone celular. A interação entre médico e paciente ganhou impulso depois que o celular virou equipamento universal entre os brasileiros, e os smartphones caminham para a mesma popularidade. O mercado de aplicativos médicos para dispositivos móveis, que também inclui tablets, promete movimentar o equivalente a R$ 4 bilhões apenas na América Latina em 2017, onde o Brasil tem a maior participação, segundo projeções da consultoria Pricewaterhouse Coopers .

Mil vezes mais potentes que na Apolo 11

No início da era da telemedicina, o computador que operou a missão Apolo 11, que levou o homem à Lua em 1969, tinha mil vezes menos capacidade de processamento que os smartphones do mercado atual. Só na loja de aplicativos da Apple, calcula-se que existam 25 mil aplicativos relacionados ao controle da saúde e do bem-estar, como “babás” eletrônicas que lembram a hora do remédio, ou outros mais sofisticados, como os que armazenam índices de pressão arterial, glicose, ritmo cardíaco ou consumo de calorias para o médico avaliar o comportamento do paciente em tempo real.

Professor da USP, Chao Lung Wen, presidente do Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde, explica que, por meio de celulares capazes de informar onde estão (a georreferência), evolui a tendência de usar os dados dos telefones para indicar, por exemplo, a dinâmica de epidemias e características do comportamento.

— A verdadeira telemedicina estará no bolso. A operação robótica será uma exceção — resume Wen.

No mesmo relatório sobre o mercado chamado de m-health, a Pricewaterhouse Coopers estima que o mercado de serviços móveis de saúde saltarão da estimativa dos US$ 9 bilhões deste ano para US$ 23 bilhões em 2017. Na versão de um relatório da companhia, os mercados emergentes como o Brasil são ambientes férteis para que os pacientes sejam menos resistentes à adoção desta tecnologia, assim como os médicos.

Carlos Suslik, médico e consultor em gestão de saúde da consultoria, explica que a necessidade de aplicativos móveis da área médica vem para a parte da Humanidade que conquistou a longevidade e deixou de sofrer ameaça de vetores e parasitas. Hoje os vilões são as doenças crônicas, como diabetes e hipertensão.

— Para as doenças crônicas, em que há componentes hereditários e não há cura, o mais importante é a mudança de hábitos, de onde surge a utilidade do desenvolvimento dos aplicativos médicos — explica Suslik.

O aposentado Haruiko Hayakawa é um dos brasileiros da geração descrita por Suslik. Morador de São Paulo, aos 72 anos Haruiko mede três vezes por semana o nível de açúcar no sangue. Prestes a entrar no quadro de diabetes adulta, há três meses seu médico prescreveu o monitoramento. Sem chance de se enganar com os números ou esquecê-los na hora da consulta, o aposentado vê os resultados saírem do medidor de glicose diretamente para um tablet e, de lá, para o médico que lhe atende:

— Não mudei ainda minha rotina de refeições, mas agora sei que, quando como um chocolate, o nível de glicose aumenta bastante.

Prescrição de aplicativos

O biomédico Renato Sabbatini, um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde, acompanha a evolução dos aplicativos médicos e conta que, na Europa e nos EUA, cresce o número de médicos que, na folha de prescrição, receita aplicativos além dos remédios. Sabbatini diz que 15% dos portadores de doenças nos EUA estão na onda do “quantified self”, em que armazenam e compartilham em plataformas móveis sintomas e índices de sinais vitais.

— Nos EUA, já há empresas de seguro saúde que avaliam preço dos serviços de acordo com as informações de sintomas do paciente, da mesma forma como calculam o valor do seguro do carro segundo o histórico do motorista. Aquele que é sedentário e não cuida da alimentação tem que pagar mais.

Serviço

GlicOnLine: Aplicativo disponível para Iphone e celulares Android, foi desenvolvido no Brasil e permite ao diabético armazenar dados de índices de glicose e receber alertas sobre horários de medicamentos.

Bebê São Luiz: Este aplicativo está disponível para Ipad e permite que mulheres registrem a evolução da gravidez e tenham informação médica sobre o assunto.

Tecnonutri: Disponível para Android, ajuda a controlar processos de reeducação alimentar.

UnitCare: Empresa brasileira desenvolveu sistema em parceria com UFRGS que permite monitorar remotamente, por celular ou tablet, sinais vitais como ritmo cardíaco, pressão arterial e índice de glicose.



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/saude/aplicativos-de-celulares-tablets-vigiam-doentes-cronicos-para-ajudar-medicos-pacientes-8427461#ixzz2Tr8UdlP0





Obrigado por comentar!
Erro!
Contato
+55 11 5561-6553
Av. Rouxinol, 84, cj. 92
Indianópolis - São Paulo/SP