Medicina sem distância
20/05/2013

Duilo Victor

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Tecnologia. O cirurgião Antonio Marttos Jr. (no telão) debate com os cardiologistas Marcos Sousa, Evandro Tinoco, Cláudio Domênico e Eduardo Saad, com mediação da jornalista Ana Lucia Azevedo
Foto: Leo Martins

Tecnologia. O cirurgião Antonio Marttos Jr. (no telão) debate com os cardiologistas Marcos Sousa, Evandro Tinoco, Cláudio Domênico e Eduardo Saad, com mediação da jornalista Ana Lucia Azevedo Leo Martins

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RIO - Num mundo ligado pela internet, a medicina pegou carona na evolução das telecomunicações para encurtar distâncias. Antes restrita a poucos núcleos universitários, a telemedicina que era usada para transmitir exames em redes anteriores à internet comercial, hoje consegue levar, em tempo real, a avaliação do melhor médico para o socorrista isolado num cenário de tragédia. Ou permitir o intercâmbio entre o profissional experiente e o residente médico novato.

Tema da edição da última quarta-feira dos Encontros O GLOBO Saúde e Bem-Estar, a telemedicina reuniu, na Casa do Saber O GLOBO, especialistas que explicaram como esta tecnologia, antes de unir máquinas, aglutina conhecimento e melhora a relação entre médico e paciente.

— O objetivo da telemedicina é facilitar o acesso ao médico, diminuir custos, melhorar a qualidade. Mas é importante destacar que é um mero serviço de entrega de cuidados de saúde, não substitui o médico — resume o coordenador do Encontros O GLOBO Saúde e Bem-Estar, Cláudio Domênico, integrante da Sociedade Europeia de Cardiologia.

Apoio decisivo em tragédias

No evento, a plateia assistiu a palestras do cardiologista Marcos de Sousa, diretor médico da Intouch Health, empresa de telemedicina da Califórnia, dos cardiologistas Eduardo Saad e Evandro Tinoco, do Hospital Pró-Cardíaco, e do cirurgião Antonio Marttos Jr., diretor de telemedicina do Ryder Trauma Center, da Universidade de Miami, que fez uma apresentação desde a cidade americana para o auditório no Rio. A mediação do encontro foi da jornalista Ana Lucia Azevedo, editora de Ciência e Saúde de O GLOBO.

Na tragédia de Santa Maria, que matou 241 pessoas em janeiro deste ano, o intercâmbio de médicos especialistas de várias universidades do Brasil e do exterior reuniu o conhecimento que ajudou a salvar vidas de vítimas com queimaduras e graves intoxicações. Em outro exemplo de aplicação prática da telemedicina, o médico brasileiro Marttos Jr, desde Miami, contou como sua equipe participou na organização da assistência aos feridos no terremoto do Haiti, que arrasou o país em 2010.

— A telemedicina mudou a resposta (à tragédia). Era um país devastado, com centenas de casos de amputações. Conseguimos um link (de comunicação à distância), por meio da ONU, e assim organizamos a resposta através de enfermeiros e medicamentos — contou Marttos Jr. — A telemedicina nunca tira médicos da beira do leito. Serve sim para evitar que um paciente do interior, que às vezes demora duas semanas para uma consulta com um especialista na capital, tenha acesso à medicina.

Avatar médico no hospital

A comunicação de médicos à distância permite, como no caso descrito pelo cirurgião de Miami, a famosa “segunda opinião”, tão importante quanto mais complexo for caso. E se o veículo da telemedicina é a conexão entre computadores, quanto melhor a conexão, mais fidelidade de imagem e segurança nos diagnósticos. O cardiologista Marcos de Sousa representa uma empresa que oferece os serviços de uma espécie de avatar médico, um robô com câmera e monitor capaz de promover a comunicação entre o médico, em casa, e o paciente, na maca:

— A telemedicina traz a possibilidade de médicos, pacientes e exames estarem em um ambiente só. Não existem mais barreiras.

Evandro Tinoco, diretor médico do Pró-Cardíaco, mostrou como a telemedicina é usada por neurologistas do hospital para atender a outras unidades no auxílio do diagnóstico de derrame. Neste caso, a tecnologia poupa o tempo que seria usado em uma transferência. E tempo, em casos de derrame, pode significar sequelas.

— O futuro é a conexão. Entre especialistas e hospitais de excelência, com todos os centros que precisam daquele profissional, interagindo e oferecendo suporte — conclui Tinoco.

Tratamentos invasivos de longe

Eduardo Saad, integrante da Sociedade Brasileira de Arritmia Cardíaca, mostrou como, por meio de uma sala equipada com instrumentos operados à distância, é possível fazer tratamentos minimamente invasivos contra arritmia mesmo longe do doente, assessorado por médicos que ficam com o paciente em uma sala híbrida, ocupada por médicos e robôs.

— Nestas salas se fazem procedimentos de alta complexidade. Muitas vezes essas decisões podem e devem ser dividas com profissionais de maior experiência — disse Saad. — A telemedicina faz com que o conceito de globalização esteja presente o tempo todo. Através dela é possível consultar um centro de excelência em qualquer lugar.

Próximo evento: Dia 12 de junho, quarta feira, às 17h.

Local: Casa do Saber O GLOBO.

Endereço: Avenida Epitácio Pessoa 1.164, Lagoa. Tel.: 2227-2237



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