Consumo nos emergentes sinaliza perda de fôlego
Valor Econômico
20/05/2013

Consumo nos emergentes sinaliza perda de fôlego

Por Assis Moreira | De Genebra

Os gastos com consumo privado nos mercados emergentes apresentaram uma diminuição de ritmo nos primeiros meses de 2013, num cenário em que a economia global carece de forte fonte de crescimento da demanda.

Depois de resultado frágil no fim de 2012, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) global melhorou ligeiramente entre janeiro e março. Mas o consenso é de que o crescimento de 2,9% no fim de março, em base anualizada, está longe de ser espetacular.

A expectativa entre boa parte de analistas é de que a atividade economica poderá baixar no segundo trimestre, diante da dimensão da recessão na zona do euro e da desaceleração nos emergentes.

 

 

Alta dos salários, baixo desemprego e juros pequenos ajudaram emergentes a evitar impacto maior da crise global. Conforme levantamento da Capital Economics, de Londres, vendas do varejo nos emergentes cresceram em média 8,8% do PIB em 2008-2012, comparadas a apenas 0,9% nos Estados Unidos, na zona do euro e no Japão.

Já neste ano, o aumento das vendas nos emergentes baixou para 6,5% em março, em base anualizada, no menor ritmo desde setembro de 2009. As famílias acumularam dívidas demais e a expectativa de taxas anteriores de crescimento de consumo parece improvável.

A maior desaceleração no consumo neste ano ocorreu na América Latina, prosseguiu no Leste Europeu e baixou de intensidade também na Ásia.

Em todo caso, o consumo segue se beneficiando de dinheiro barato na maioria dos emergentes. Os salários continuaram sendo reajustados, em 2,7% na média nos 17 maiores emergentes, mas abaixo dos 3,4% da média dos últimos três anos.

Na América Latina, a contribuição do consumo privado para o crescimento na região tem aumentado desde o terceiro trimestre de 2010. Sem recuperação significativa da exportações neste ano, a expansão do PIB continuará a depender do consumo privado - mas provavelmente não no mesmo ritmo verificado em anos anteriores.

Assim, a percepção que cresce é de que a política dos bancos centrais de alimentar a demanda doméstica, para compensar a baixa demanda das economias desenvolvidas, está atingindo seu limite em vários países.

Especialmente na América Latina, o endividamento aumentou bastante. Na Rússia, a expansão do crédito para as famílias cresceu 42% em um ano, até março, ritmo considerado insustentável.

Na Indonésia e na Malásia, a relação dívida das famílias/PIB aumentou em quatro anos mais de 20%; na China, 13%. Na Coreia do Sul, o débito das famílias é equivalente a 136% da renda disponível.

"Suspeitamos que o espaço limitado para famílias terem mais dívida em vários países evitará um forte consumo de novo nos emergentes, mas um colapso também é improvável", diz Daniel Martin, analista de Capital Economics.

 

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