A máfia de branco
04/04/2017
Em 2015, a Saúde brasileira viveu o escândalo da Máfia das Órteses e Próteses, denunciado pelo programa Fantástico.
 
Estudioso deste caso, Pedro Ramos, diretor da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), lançou neste ano “A Máfia das Próteses – Uma Ameaça à Saúde”. A obra detalha as investigações a respeito de fraudes envolvendo médicos, empresários, diretores de hospitais e fabricantes de produtos médicos.
 
O trabalho denuncia esquemas de corrupção que superfaturam estes produtos e, por meio de propinas, influenciam alguns médicos a usá-los em diversas cirurgias desnecessárias.
 
A situação no Brasil
 
Pedro Ramos afirma que essa história vem de muitos anos e essa máfia só existe porque há a participação não apenas de médicos, mas também de advogados e juízes. “A maneira de marketing que as indústrias encontraram é o pagamento de propina. Tudo começa com aquele convite ao médico para fazer um curso na Europa, o curso dura 2 horas e ele fica uma semana tomando vinho num chateaux completo. Essa é a maneira de ‘recrutar’ os médicos. O livro trata muito especificamente deste assunto. Ele visa principalmente mostrar e retratar como as pessoas estão sofrendo nas mãos destes maus profissionais.”
 
Segundo Ramos, essa máfia movimenta, hoje, cerca de R$ 9 bilhões por ano. “Não é uma máfia estruturada como a da Lava-jato, ela é difusa e está espalhada por todo o país, o que torna o combate mais difícil. É preciso um comprometimento maior da indústria em sua transparência, caso contrário iremos continuar com nossas investigações e denúncias”.
 
O lado do paciente
 
O livro denuncia casos como o de uma senhora, Vilma, que, durante três anos sofrendo de um problema de coluna, passou por cinco cirurgias indicadas pelo seu médico terminando o terceiro ano com cerca de 20 parafusos na coluna. Um dos parafusos perfurou o esôfago e causou uma infecção generalizada. Após exames, Vilma precisou fazer uma cirurgia que retirou 16 parafusos de seu corpo.
 
“Um parafuso dá de propina ao médico cerca de R$ 4 mil. É um grande abuso e os conselhos regionais de medicina não tomam nenhuma providência, apenas divulgam poucos nomes de médicos que foram punidos. Desafio os conselhos com a seguinte pergunta: quantos processos estão arquivados?”.
 
Compliance
 
Após o escândalo, muitas instituições passaram a se preocupar com seus códigos de conduta e compliance. A opinião de Ramos a respeito é direta: “Eu digo a todas as instituições envolvidas para que parem de fazer compliance de mentira. Não adianta nada fazer um livrinho de regras para depois envolver com um esquema de corrupção que arruína milhares de vida.” Problema universal De acordo com o livro, este tipo de corrupção na Saúde é um fenômeno global. Notoriamente, o Brasil foi um dos poucos países que se organizou para combater essa prática.
 
“Nós temos uma estrutura de combate e queremos resolver o problema. Então, nós ingressamos com 11 ações nos EUA contra empresas dessa área no mercado americano para resolver o problema”, diz Ramos. Soluções simples Uma cirurgia já é uma situação de risco na vida de qualquer pessoa, por isso, Ramos encoraja os pacientes a sempre procurar uma segunda opinião ou tratamentos alternativos.
 
“A exigência da segunda opinião médica é um projeto de lei que vem circulando em uma das CPI’s que houve na câmara dos deputados.”
Fonte: Abramge




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