Com despesa em alta, hospitais preveem crescer pouco
Valor Econômico
31/05/2013

Apesar da demanda crescente, os hospitais privados não devem mostrar desempenho econômico expressivo este ano, repetindo a performance de 2012. Essa é a previsão da Anahp, associação que reúne 45 hospitais de ponta do país. "Ao que tudo indica, o setor hospitalar vai andar de lado novamente este ano", disse Francisco Balestrin, presidente da Anahp.

No ano passado, o tíquete médio por paciente cresceu 5,7% para R$ 3.022. Em 2011, a alta foi bem maior, de 13,9%, segundo dados do anuário "Observatório Anahp". Mesmo com os hospitais cheios, a receita média por instituição avançou apenas 4% no ano passado, ante 24% em 2011. O setor hospitalar está operando em sua plena capacidade e, segundo Balestrin, não houve reajustes no preços das diárias e procedimentos.

Estudo da Anahp mostra que para desafogar os hospitais particulares seria necessário construir mais 13 mil leitos em três anos, o que demandaria R$ 7 bilhões. "Mas com um PIB tão baixo, inexistência de incentivos como desoneração da folha de pagamentos e a proibição de investimento estrangeiro é difícil saber de onde virão recursos para isso", afirmou Balestrin.

No ano passado, pela primeira vez, o setor hospitalar teve descasamento entre receita e despesas - fenômeno que também ocorreu com as operadoras de planos de saúde. Os hospitais viram os custos da folha de pagamento e a inflação subirem a taxas superiores à do faturamento. Para Balestrin, o desequilíbrio deve se manter este ano.

Em 35 hospitais associados à Anahp, a receita média por hospital foi de R$ 326,8 milhões o que representa um crescimento de 4%. Já as despesas com pessoal aumentaram 7,7%. Esse último item representou no ano passado 42,1% do total das despesas dos hospitais e sua participação vem evoluindo de forma representativa. Em 2011, esse percentual era de 40% e em 2007, equivalia a 37,5%. Em 2012, os hospitais ampliaram a equipe em 8,1% para atender a demanda e os reajustes salariais foram superiores à inflação. O IPCA foi de 5,8% e o IPCA-Saúde ficou em 6,3% - ambos são medidos pelo IBGE.

A receita total dos hospitais associados da Anahp alcançou a marca de R$ 11,4 bilhões, um crescimento de pouco mais de 21% em relação ao volume reportado em 2011. Porém, parte desse aumento deve-se à ampliação do número de hospitais participantes da pesquisa da entidade. Em 2012, foram 35 e no ano anterior, 30.

Vale destacar que os dados da Anahp são uma média do setor. Nem todos os hospitais tiveram esse descasamento entre faturamento e gastos. Um exemplo é a Rede D'Or que registrou alta de 49% na receita líquida e de 46% nas despesas e custos operacionais.

Do lado das operadoras de planos de saúde, que representam 91% das fontes pagadoras dos hospitais, as despesas somaram R$ 78,8 bilhões no ano passado, montante 16% superior ao verificado em 2011. Essa taxa de crescimento foi maior que o avanço das receitas, que foi de 12,4%. Por conta disso, a sinistralidade das operadoras de planos de saúde aumentou de 82,4% para 85% em 2012, de acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).







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