Air Liquide aposta na área da saúde no Brasil
19/06/2017 - por Stella Fontes
Principal nome do mercado global de gases e serviços após a aquisição da americana Airgas, a multinacional de origem francesa Air Liquide colocou seu foco na área de saúde no Brasil. Nos últimos anos, a companhia, que tem 18% de participação no mercado nacional de gases industriais e medicinais, atrás apenas da líder White Martins, realizou uma série de aquisições que garantiram cobertura nacional e deram impulso à expansão dos negócios no segmento medicinal.

"Mais aquisições não estão descartadas, desde que tragam um novo modelo de negócios ou outros diferenciais", afirma o diretor-geral da Air Liquide Brasil, Alexandre Bassaneze. A primeira compra, de uma clínica especializada em apneia do sono no Sul, foi fechada em 2010. Hoje, já são 13 unidades próprias, que atendem pacientes sob prescrição médica, e as receitas geradas na área de saúde - que inclui hospitais públicos e particulares, operadoras de saúde, empresas de "home care" e atendimento domiciliar, além das clínicas - respondem por 35% do total faturado no país, frente a 45% do segmento de clientes industriais e 25% de grandes indústrias.

O avanço no segmento medicinal, assim como a expansão geográfica da filial brasileira, também foi impulsionado pela compra de 30 empresas de distribuição de gases entre 2010 e 2014, em todo o território nacional, o que deu capilaridade à operação.

No total, a Air Liquide tem no Brasil mais de 60 unidades de operação e os investimentos mais relevantes foram executados junto a grandes indústrias, que utilizam parte dos gases produzidos nessas unidades, entre as quais a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), a fábrica de Ortigueira (PR) da Klabin, a de Imperatriz (MA) da Suzano Papel e Celulose ou a da Coca-Cola Femsa em Itabirito (MG).

A partir desses investimentos, a Air Liquide passou a contar com maior volume de gases para comercializar no país e a aquisição das distribuidoras viabilizou a colocação desse insumo em diferentes regiões. "Entre 2008 e 2015, houve uma ampliação significativa no número de unidades produtivas", conta Bassaneze.

Com o agravamento da crise econômica, alguns setores, com destaque para construção civil, óleo e gás e automotivo, reduziram o ritmo de consumo de gases. Por outro lado, as indústrias de alimentos e a de celulose e papel compensaram esse desaquecimento. Com faturamento global de € 18 bilhões em 2016, a Air Liquide está no país há 45 anos e a crise em curso não a levou a revisar seus planos.

"O país passa por um ciclo difícil, mas não falta dinheiro no mercado. Falta estabilidade para investir", avalia, acrescentando que, uma vez que o ambiente político e econômico se estabilize, a retomada econômica será rápida. "O Brasil já tem capacidade instalada, que está subutilizada. Mas mesmo em crise, o país não se vende barato", ressalta.

Bassaneze chegou ao comando da Air Liquide Brasil em outubro do ano passado, mas está nos quadros da multinacional desde 2000. Em 17 anos de casa, o engenheiro mecânico e industrial ocupou diferentes postos na filial brasileira e assumiu a direção da atividade medicinal, antes de ser convidado, em 2014, a atuar nos Estados Unidos como vice-presidente de vendas e marketing para a Air Liquide Industrial. De volta ao país no segundo semestre de 2016, assumiu a direção geral da filial.

Enquanto esteve nos Estados Unidos, Bassaneze participou do processo de integração da Airgas, adquirida no fim de 2015 por pouco mais de US$ 10 bilhões - a companhia americana não tinha operação no Brasil. Segundo o diretor-geral, a prioridade da Air Liquide ainda é integrar os negócios da Airgas e gerar as sinergias previstas no projeto.

Sobre o movimento das concorrentes Praxair (EUA) e Linde (Alemanha), cuja combinação pode dar origem a uma empresa de US$ 35 bilhões, Bassaneze avalia que ainda é prematuro falar sobre potenciais efeitos no mercado. Além da integração, a Air Liquide está focada na execução do plano estratégico de cinco anos lançado em 2016, que entre outras metas estabelece que o retorno sobre o capital empregado (ROCE), uma medida de rentabilidade, deve voltar para um patamar acima de 10%. No ano passado, essa índice foi de 6,9%.
Fonte: Valor




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