Lucro das gigantes de tecnologia dos EUA aumenta 20%
07/08/2017 - por Gustavo Brigatto
A multa de US$ 2,74 bilhões imposta pela Comissão Europeia à Alphabet, dona do Google, não impactou negativamente apenas o resultado da holding no segundo trimestre. A sanção bilionária fez com que o desempenho conjunto das principais empresas de tecnologia dos Estados Unidos apresentasse um ritmo de crescimento menos acelerado no período.

Tirando da conta a punição do regulador europeu, Apple, Alphabet, Amazon, Facebook, Microsoft e Netflix teriam aumentado seus lucros em 35%, para aproximadamente US$ 25,6 bilhões. O percentual seria o quase o dobro do ritmo de expansão da receita do grupo, que avançou 17,3%, para US$ 144,8 bilhões.

Levar em consideração a multa não significa, no entanto, dizer que os pesos pesados do setor tiveram um desempenho pouco impressionante. Já contabilizando esse efeito, os ganhos aumentaram 20,7%, para US$ 22,9 bilhões. Para efeito de comparação, a média das empresas que compõem o índice de ações S&P500 - que reúne as 500 maiores empresas dos EUA - foi de 10,1%. As receitas subiram 5,1%, segundo levantamento da empresa de informações financeiras Factset. As ações das empresas de tecnologia representam pouco mais de um quinto do S&P 500.

Presentes, de alguma forma, na vida de praticamente todos os 3,8 bilhões de internautas, a elite do mundo da tecnologia continua a se beneficiar do aumento no tempo que as pessoas passam on-line e da digitalização das empresas para driblar as incertezas políticas e os efeitos do câmbio e chamar atenção dos investidores. Em um ano, o valor de mercado somado das seis companhias subiu praticamente 33%, superando a marca de US$ 3 trilhões - 70% mais que o PIB do Brasil em 2016. Só a Apple adicionou US$ 245 bilhões (o equivalente a três vezes o atual valor de mercado do Netflix) no período, passando de US$ 815 bilhões na sexta-feira. A dona do iPhone é cotada para se tornar, em pouco tempo, a primeira companhia a valer US$ 1 trilhão.

O smartphone, que completa uma década de existência em 2017, e vinha gerando algumas dúvidas no mercado por conta do ritmo mais lento de vendas, parece ter voltado aos trilhos no segundo trimestre. Foram 41,02 milhões de unidades vendidas, 2% mais que igual período do ano passado, em linha com a expectativa dos analistas (41 milhões). Outro destaque do período foi o crescimento de 22% na receita com serviços (venda de aplicativos e assinatura), para US$ 7,3 bilhões - a segunda maior fonte de recursos para a companhia, mas muito atrás do iPhone (US$ 24,85 bilhões, alta de 3%).

Negativamente afetada pela multa da Comissão Europeia, a Alphabet viu sua receita avançar 21% entre abril e junho, para US$ 26 bilhões. Apesar de ter superado a expectativa de US$ 25,6 bilhões dos analistas, a companhia apresentou aumento de 28% no custo de aquisição de clientes, que pressionou a margem e deixou os investidores um pouco preocupados.

Quem também decepcionou o mercado foi a Amazon. O lucro líquido caiu 77%, para menos de US$ 200 milhões e o lucro por ação de US$ 0,42 ficou distante do US$ 1,42 que previsto pelos analistas por conta dos altos investimentos feitos pela companhia. A maior queda de lucratividade da companhia em três anos foi publicada exatamente no dia que a revista "Forbes" colocou o fundador da varejista virtual, Jeff Bezos, à frente da lista dos homens mais ricos do mundo. Isso puxou as ações da companhia para baixo e fez com que o executivo ficasse apenas algumas horas à frente do ranking.

Facebook e Netflix não decepcionaram. A rede social, que desde o ano passado vem alertando investidores sobre a possibilidade de desaceleração de seu crescimento em 2017, de fato avançou mais devagar, mas superou expectativas e manteve um ritmo forte - alta de 45% na receita e de 70% no lucro líquido - puxado pela publicidade exibida em dispositivos móveis.

O serviço de vídeos pela internet também cresceu mais que o esperado, impulsionado pela adição de novos clientes fora dos EUA - milhões dos 5,2 milhões conquistados trimestre. A companhia ainda fez um prognóstico mais positivo que o aguardado para o terceiro trimestre - 4,4 milhões contra projeções de 3,1 milhões.

Já a Microsoft se beneficiou de seu reposicionamento como empresa de sistemas vendidos no modelo de assinatura, e não da venda de licenças de uso de suas tecnologias, e mais que dobrou seu lucro. Até as vendas do segmento de videogame avançaram, 3%, apesar da queda nos preços e no volume de consoles Xbox vendidos.
Fonte: Valor




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