A aplicação de medidores inteligentes, que ajudam a aumentar a eficiência e reduzir o consumo de energia, é um recurso cada vez mais disseminado no Brasil. Coleta de lixo, economia de eletricidade, sensoriamento de redes de esgoto e monitoramento da movimentação das pessoas auxiliam no planejamento da segurança e transporte e têm impacto ambiental e na qualidade dos serviços. A tendência, apontam especialistas, é que se tornem inevitáveis no cotidiano das cidades.
A Logicalis, empresa britânica com soluções de gestão energética em iluminação pública e medição de água e gases, implantou sensores de lixeiras na cidade de Granada, na Espanha, que permitem o planejamento da coleta diária e reduzem a contaminação do solo pelo vazamento do lixo. Sensores também fizeram o monitoramento de 110 bueiros de São Paulo e reduziram em 18% os alagamentos em áreas sensíveis da capital paulista. Em Uberlândia (MG), a empresa participa do desenvolvimento de um bairro conectado com o monitoramento de lixeiras e bueiros. "As cidades brasileiras têm necessidade de tecnologia para a melhoria da qualidade de vida do cidadão", diz Rafaela Mancilha, arquiteta de soluções da Logicalis.
"A cidade tem que ser inteligente para quem mora nela", afirma Ana Oliveira, gerente-sênior do Centro de P&D da Dell EMC instalado no Parque Tecnológico da Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro. O foco dos pesquisadores é o desenvolvimento de soluções para projetos de óleo e gás, finanças, telecomunicações e cidades inteligentes. Uma delas foi usada nos Jogos Olímpicos 2016. O serviço, desenvolvido em parceria com a TIM, acompanhava a movimentação da população, facilitando o planejamento da segurança e do transporte e na definição de estratégias de turismo com o acompanhamento do fluxo de visitantes estrangeiros pelas principais atrações.
Incubada nas vizinhanças da Dell EMC na Ilha do Fundão, a Biotecam desenvolve tecnologias para o aumento da eficiência de sistemas de tratamento de efluentes para estações de esgoto. A tecnologia baseada em nanofilmes, capaz de processar mil litros de água por minuto com uma máquina de meio HP, vai agora ajudar a revitalizar a Lagoa Rodrigo de Freitas. Não se trata de purificação, mas de devolver vida a um reservatório que acumula quase 7 milhões de metros cúbicos de água contaminados por esgoto. "Injetamos oxigênio na água com eficiência energética", diz Ricardo Amaral, sócio-diretor da Biotecam.
A demanda por eficiência energética também impulsiona os projetos da EDB Energias Renováveis. No embalo da lei que permitiu os condomínios solares, a empresa de desenvolvimento de projetos para pequenos negócios e residências dobrou o faturamento em relação ao ano passado. A tecnologia fotovoltaica permite redução de 20% a 25% no consumo de energia controlado por monitoramento em tempo real. O custo de instalação e equipamentos caiu outros 25% em um ano. É uma boa economia para quem depende dos preços da eletricidade. "A eficiência energética se tornou um diferencial", diz Luiz Paulo Canedo, sócio-diretor a EDB Energias Renováveis.
"O mundo precisa ser três vezes mais eficiente para contrabalançar o aumento previsto até 2040 no consumo de energia elétrica", diz Mauro Caruso Carrenho, gerente da unidade de Negócios EcoBuilding da Schneider Electric para o Brasil, líder mundial em tecnologia para eficiência energética. A Schneider desenvolveu um serviço baseado na Internet das Coisas (IoT) para o Hotel Meliá, em São Paulo, que economizou 12% na conta de energia.
No Edifício Hamilton Araújo, em Florianópolis, a tecnologia fecha automaticamente as persianas em caso de vento forte, acessa pelo celular as câmeras de segurança quando o interfone toca para que o morador saiba quem está na portaria e permite desligar as luzes do apartamento da rua com um aplicativo. Um luxo de eficiência.