Hospitais privados amenizam o sucateamento do serviço de radioterapia no país enquanto o Ministério da Saúde não executa o programa para reequipar a rede pública com 80 máquinas e leva as mulheres a esperar um ano na fila pelo tratamento necessário a 80% dos casos de tumores de mama. Os investimentos se concentram em equipamentos de última geração que aplicam a radiação em dose única durante a cirurgia e concentram os raios nos órgão doentes poupando células saudáveis.
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz investiu cerca de R$ 550 mil na aquisição do Intrabeam. O aparelho de radiação fabricado na Alemanha permite que o paciente seja submetido à radioterapia intra-operatória. Na radioterapia convencional são necessárias trinta sessões, a dose de radiação é muito maior e pode danificar também áreas saudáveis próximas do tumor. Com o Intrabeam é possível precisar o alvo da radiação. A aplicação é feita durante a cirurgia, em uma dose única. O equipamento é mais utilizado em tumores de mama, mas o Hospital Alemão Oswaldo Cruz foi o primeiro centro na América Latina a usar a tecnologia para tratar tumor cerebral. "A radioterapia pode aumentar a incidência de doenças cardiovasculares quando os raios atingem áreas vizinhas ao tumor na mama esquerda", diz Rodrigo de Morais Hanriot, coordenador do serviço de radioterapia do Oswaldo Cruz.
O Grupo Oncoclínicas, maior rede de clínicas especializadas em tratamento oncológico da América Latina com 50 unidades em 11 Estados brasileiros, comprou 13 aceleradores lineares para uso no tratamento radioterápico. Cinco são do modelo TrueBeamT? e outros oito do VitalBeamT?, todos fabricados pela empresa americana Varian Medical Systems. O equipamento de radioterapia de alta precisão isola o tumor e praticamente não atinge os tecidos saudáveis. O primeiro TrueBeam foi instalado no Hospital BP Mirante, em São Paulo. Até 2020, os outros TrueBeamT e VitalBeamT vão funcionar nos hospitais e clínicas parceiros do Oncoclínicas. "Em parceria com a Microsoft desenvolvemos um software de inteligência artificial que acelera o uso do TrueBeam e diminui o tempo de preparação do paciente de 30 minutos para dois minutos", diz Luís Natel, presidente do Oncoclínicas.
No desafio contra a doença, ganha importância o desenvolvimento de drogas que tiram o freio do sistema imunológico. Trata-se da imunoterapia. O Grupo Oncoclínicas obteve este ano aprovação para uso de duas terapias - cart-cel - que preparam as células do organismo para combater a doença. "A próxima fase é preparar o laboratório, depois capacitar pessoal, para adotar a terapia", afirma Bruno Ferrari, presidente do conselho de administração e diretor técnico do Grupo Oncoclínicas.
O AC Camargo, que adota o conceito de câncer-center integrado, da prevenção à reabilitação, mira o futuro da medicina oncológica. Dois robôs Da Vinci fizeram 500 cirurgias no ano passado. A tecnologia IntraBeam é usada na aplicação de radioterapia durante a cirurgia. Já usa ferramentas de inteligência artificial para analisar dados retrospectivos que ensinam com o passado o melhor tratamento, adota o monitoramento em tempo real do paciente com interfaces digitais, compartilha informações com bancos de dados para evitar a disparidade na abordagem da doença, investe na evolução da caracterização dos tumores com o sequenciamento do genoma humano para identificar os alvos terapêuticos para cada tipo de tumor e adota a imunoterapia, que pode custar R$ 30 mil por mês. O resultado é um aumento da sobrevida: 88,7% após diagnóstico para câncer de mama, contra 89% dos Estados Unidos.