A tecnologia se tornou um aliado importante na gestão da saúde, permitindo maior agilidade no atendimento, redução de custos e segurança ao paciente. Um dos principais indicadores de eficiência hospitalar é o tempo médio de internação do paciente. Quanto maior a agilidade, mais pacientes podem ser atendidos na mesma estrutura e menor é a despesa hospitalar. Segundo dados da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), entre 2014 e 2016 o tempo médio de permanência do paciente no hospital recuou de 4,79 dias para 4,38 dias. No mesmo período, o custo por paciente até a alta médica, descontada a inflação, caiu 11,5%.

Um programa iniciado em 2011 no Hospital Israelita Albert Einstein foi capaz de reduzir o tempo médio de permanência do paciente de 5 dias para 3,2 dias em 2016 e a expectativa é de gerar ganhos extras de 2% anuais no tempo de internação ao longo da década. "O ganho de eficiência e agilidade nos proporcionou a criação virtual de 87 leitos", diz o presidente Sidney Klajner. Na prática, permitiu à instituição economizar R$ 400 milhões na construção de uma segunda torre para atendimento de alta complexidade ao lado de sua sede, no bairro do Morumbi.

O programa que melhorou o fluxo dos pacientes no hospital foi estabelecido por meio do engajamento de representantes de todas as áreas envolvidas no atendimento da admissão à alta. Primeiro foram identificados os principais gargalos e as melhorias possíveis. Todos os itens de atendimento foram transformados em indicadores de desempenho, que passaram a ser monitorados com o auxílio de softwares de gestão.

A integração de diferentes sistemas eletrônicos de gestão hospitalar, de análise clínica, prontuários e equipamentos de apoio à assistência permitiu aos hospitais da Rede D'Or, que soma 36 unidades, alcançar um tempo médio de internação de três dias. A rede trabalha com um sistema de internação planejada. A partir do diagnóstico do paciente se estabelece uma previsão de cada etapa do atendimento até a alta, qualquer desvio da rota exige uma atenção especial da equipe médica para detectar problemas e antecipar intervenções.

Uma tecnologia que agiliza o processo é o point of care, capaz de diagnosticar em segundos, a partir de um pequeno furo na ponta do dedo do paciente, uma série de parâmetros clínicos, como glicose no sangue e enzimas cardíacas, acelerando a decisão que demandaria horas em um exame de sangue tradicional.

O dispensário de medicamentos ganhou o apoio de um sistema automatizado de tripla checagem. As embalagens dos medicamentos contam com um código de barras, com leitores na pulseira do paciente e no crachá do funcionário responsável pela medicação. "O sistema reduz a zero os erros de medicação, aumentando a qualidade do atendimento e evitando retrabalhos", diz o vice-presidente da Rede D'Or, Paulo Moll. A média mundial de erros nesse procedimento é de 3,5% dos atendimentos e no Brasil 7,5%. Os investimentos da Rede D'Or em tecnologia somaram R$ 200 milhões em 2017 e a expectativa é de aplicar outros R$ 250 milhões em 2018.

Os investimentos do UnitedHealth Group Brasil em tecnologia também são crescentes. "Em 2017 somaram R$ 285 milhões e em 2018 estão previstos mais R$ 474 milhões", diz o presidente Claudio Lottenberg. O grupo controla 21 hospitais que integram a rede Americas Serviços Médicos, que incluem os hospitais Vitória, Samaritano, Luz, Santa Joana do Recife, e os complexos Americas Medical City e Americas Centro de Oncologia Integrado, ambos no Rio.

Segundo Lottenberg, as principais iniciativas englobam o uso da realidade virtual em treinamentos, com o uso da tecnologia HeloLens, sistema de ferramentas de analytics na aferição da satisfação dos pacientes que já está implementando no Núcleo de Oncologia do Hospital Paulistano. O sistema captura a imagem do rosto de um paciente e, utilizando inteligência analítica, verifica se o paciente está satisfeito com o atendimento.