Hospital de Câncer de Barretos amplia atuação no país
22/12/2017
O Hospital de Câncer de Barretos - que, no mês passado, mudou seu nome para Hospital de Amor por conta da expansão para outras regiões do país - quer aumentar sua presença nas cidades do interior do Nordeste a partir do próximo ano. Entre os Estados que devem ganhar novas unidades voltadas para a prevenção da doença estão Bahia e Sergipe. Atualmente, além de Barretos, o grupo de saúde também está presente no Norte, Centro-Oeste e interior de São Paulo. "Temos interesse em atender a população mais pobre. O nosso foco é o trabalho de prevenção e um tratamento humanizado", disse Henrique Duarte Prata, presidente do Hospital do Câncer de Barretos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a maioria das mortes provocadas pelo câncer ocorre em países pobres e em desenvolvimento. No Brasil, mais de 220 mil pessoas faleceram em 2015 e no último biênio (2016-2017) surgiram cerca de 600 mil novos casos de pessoas com a doença. "Diagnosticar o câncer nos estágios mais avançados e a incapacidade de fornecer tratamento condena muitas pessoas a sofrimento desnecessário e à morte precoce", segundo Etienne Krug, diretor do Departamento de Gerenciamento de Doenças não Transmissíveis da OMS, em comunicado em fevereiro deste ano.

Fundado em 1962 pelo médico Paulo Prata, o Hospital de Amor é considerado uma referência mundial em tratamento oncológico ao atender todos os pacientes de forma totalmente gratuita - neste ano foram 170 mil. Além disso, oferece alojamento, alimentação e até emprego para os acompanhantes dos pacientes que, muitas vezes, precisam se mudar para Barretos para realizar o tratamento que pode durar dois anos. O hospital é ainda referência em pesquisa científica e formação acadêmica. Dentro das instalações do hospital, que tem 120 mil m2 de área construída em Barretos, há uma escola do Ircad, renomada instituição de ensino francesa para capacitação de médicos.

A expansão do hospital para outras regiões começou em 2010 com o intuito de desafogar a unidade de Barretos, que recebe pacientes de todo o país e até pessoas com condições financeiras para arcar com um tratamento. Há vários casos de doadores que são ex-pacientes ou seus familiares que doaram imóveis, carros ou quantias generosas em dinheiro para o hospital. Muitos agricultores da região também doam alimentos, que garantem as 9 mil refeições diárias.

Atualmente, a rede tem hospitais em Jales, no interior de São Paulo, em Porto Velho, capital de Rondônia, e um terceiro está em construção no Tocantins. Essas regiões foram escolhidas porque uma fatia relevante dos pacientes vem da região Norte, inclusive, da população indígena da Amazônia. São casos mais complexos porque demandam uma inserção na cultura desses povos. Numa tribo indígena, por exemplo, qualquer exame ginecológico só pode ser feito com aval e diante da presença do cacique.

O grupo também possui no país nove unidades voltadas exclusivamente para prevenção - considerado o caminho mais eficiente na área da oncologia. Estima-se que o câncer de mama, por exemplo, têm até 95% de chances de cura quando diagnosticado precocemente, segundo especialistas. Além dessas unidades fixas, há 18 carretas e vans que se transformam em consultórios móveis, que chegam em regiões rurais ou distantes. No ano passado, essas carretas percorreram 160,6 mil quilômetros realizando exames de prevenção de colo de útero, mama, odontológico, pele e próstata. Os resultados são enviados pelos Correios aos pacientes e em caso de diagnóstico positivo, eles podem ser encaminhados ao hospital. "As nossas visitas são sistemáticas, não são ações isoladas, porque isso não é eficaz. Acompanhamos, por exemplo, mulheres entre 40 e 69 anos que fazem os exames todos os anos. Se surgir algum sinal de câncer, será inicial", explicou o advogado Henrique Moraes Prata, diretor de responsabilidade social do Hospital de Amor. Henrique Moraes é neto dos fundadores do Hospital de Câncer de Barretos.

Com o sucesso do hospital, a família Prata está praticamente a frente de toda a rede de saúde pública de Barretos. Henrique Duarte assumiu há cerca de um ano a gestão do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) e da Santa Casa de Barretos e há planos de também administrar os postos de saúde da cidade. O trabalho de administração da saúde pública do município foi ocorrendo aos poucos. A AME foi uma contrapartida exigida pelo governo do Estado quando o grupo recebeu recursos financeiros para construir um hospital oncológico em Jales.

"Havia emprestado R$ 9 milhões para ajudar a Santa Casa, mas ela quase quebrou. Ou assumia ou perdia o dinheiro. Agora, estou pensando em gerenciar os postos para ter uma gestão integrada da saúde da cidade. Com isso, vou conseguir acompanhar desde o primeiro atendimento que é feito nos postos", disse o presidente do Hospital de Amor.

Fonte: Valor




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