Enfrentar a indicação de uma cirurgia para um pré-adolescente não é uma situação fácil. Familiares se preocupam com a doença, o procedimento, a anestesia, a recuperação e, é claro, o entendimento do jovem diante de uma situação difícil. Dizer “preferia que ocorresse comigo!” é uma frase frequente entre pais e mães nos corredores do centro cirúrgico. Mas, e se fosse possível diminuir o tamanho da incisão, a dor no pós-operatório e o tempo de permanência no hospital?
Minimamente invasiva, a cirurgia videolaparoscópica – com o auxílio de uma câmera de vídeo – surge como possível alternativa para alguns casos. De acordo com o cirurgião-geral e do aparelho digestivo do Hospital Santa Rosa, Carlos Henrique Arruda Salles, certos aspectos podem ser melhorados com esse método, o que torna o trauma cirúrgico muito menor para o paciente e sua família.
Com novos investimentos, o hospital conseguiu realizar recentemente um procedimento pouco comum no Estado. Trata-se de uma ressecção de via biliar e derivação com anastomose em Y de Roux – uma cirurgia de alta complexidade, que foi mais célere e eficiente por meio da videolaparoscopia.
Salles aplicou o método em uma paciente pré-adolescente, de 11 anos, que apresentava cisto de Colédoco, do tipo I, segundo classificação de Todani. Considerado uma espécie de anormalidade congênita, a doença se desenvolve em um a cada 100-150 mil nascidos vivos no Ocidente, mas tem sido progressivamente identificada por conta do aperfeiçoamento dos instrumentais diagnósticos e pela difusão da ultrassonografia, que é capaz de detectar a doença com facilidade até dentro do útero.
“É uma doença rara, a princípio benigna, mas cirúrgica por conta do risco de malignidade – um câncer futuro. E os benefícios gerados pela possibilidade de se realizar um procedimento laparoscópico envolvem uma diminuição no tamanho da incisão [corte cirúrgico], na dor pós-operatória e nas chances de infecção no local da cirurgia, bem como propicia o retorno mais precoce às atividades cotidianas. No caso dos pré-adolescentes, às aulas e ao esporte, por exemplo’, comenta.
A técnica consiste na inserção de uma câmera de vídeo, que funciona como os olhos do cirurgião. A imagem é projetada em um monitor de alta definição (Full HD), em que a imagem pode ser ampliada em até 20 vezes, o que confere maior segurança ao procedimento, que contém pequenas incisões para inserção de pinças cirúrgicas.
“Ter um material de base (set de vídeo) de boa qualidade, com imagem em Full HD, bem como contar com um insuflador com alto fluxo de gás (CO2) aquecido, ‘trocartes’ (mangueira para passagem dos instrumentais cirúrgicos) ajustados e com borrachas novas, e pinças adequadas e em bom funcionamento são pré-requisitos básicos para o sucesso do procedimento. No Santa Rosa, os investimentos recentes em estrutura e instrumental de alta tecnologia já estão propiciando intervenções ainda mais modernas”, pondera.
ACREDITAÇÃO – Ao completar 20 anos, o Santa Rosa é o único hospital de Mato Grosso certificado pela Acreditação Canadense, nível Diamond – uma das principais certificações de qualidade em saúde no mundo. A instituição também é certificada em Excelência, Nível III, pela Organização Nacional de Acreditação (ONA).