Celgene compra Juno Therapeutics por US$ 9 bilhões
31/01/2018

Recentemente, a Celgene, empresa biomarmacêutica focada no tratamento de câncer e doenças inflamatórias, comprou a Impact Biomedicines por cerca de US$ 7 bilhões. E em um ritmo acelerado de aquisições, anunciou nesta semana a fusão definitiva com a Juno Therapeutics. A Celgene já era acionista majoritária com 10% das ações, e agora, concordou em comprar o restante por US$ 9 bilhões.

Cada ação custou US$ 87, isso é 91% acima do preço de fechamento da Juno em 16 de janeiro, o último dia de negociação antes do Wall Street Journal ter relatado que as empresas estavam em negociações. Esse é o preço do movimento que dará à Celgene acesso ao pipeline da Juno nos medicamentos para câncer CAR-T.

Embora tenha uma das mais fortes franquias de hematologia comercial na indústria de biofarma, a Celgene enfrentará a perda de proteção da patente do Revlimid em 2022. O medicamento corresponde a mais de 60% das vendas da empresa, que sentirá a pressão com a entrada dos genéricos no mercado.

O CAR-T, principal razão da aquisição, utiliza as próprias células do sistema imunológico para combater o câncer e deve receber aprovação regulamentar em 2019, com previsões de receita de US$ 3 bilhões até 2025. Enquanto isso, a Celgene trabalha para reduzir a dependência de seu próprio tratamento contra o câncer Revlimid e aumentar o fluxo de desenvolvimento do seu pipeline.

A aquisição está gerando preocupações no mercado. O preço da ação da Juno aumentou mais de 26% e, no entanto, o preço das ações da Celgene mal mudou, subindo 0,3% para US $ 103 por ação. Será que a Celgene apostou demais na Juno?

As perspectivas comerciais para terapias CAR-T permanecem incertas. A empresa perdeu cerca de 30% de seu valor desde outubro, já que os investidores venderam ações pelos desafios de patentes do Revlimid, vendas fracas de outras drogas e falhas experimentais.

“Celgene está em uma situação desesperada”, disse Brad Loncar, executivo-chefe da Loncar Investments, que administra os fundos da Loncar Cancer Immunotherapy. “Seu crescimento de receita está ficando sem gás e eles precisaram consertar isso imediatamente”.

Apesar desta fase, existem aqueles que classificaram a decisão como inteligente, a compra permitiria que a Celgene integrasse toda a plataforma de terapia celular de Juno. Além disso, eles tem um grande gap de receita para preencher nos próximos anos, e o tratamento da Juno poderia preencher essa lacuna.

“A mensagem clara de Celgene é que eles estão fazendo uma grande aposta no futuro da terapia celular”, disse Michael Yee, analista da Jefferies, que aconselha a compra de ações da Celgene. “Essa transação pode ser vista como dispendiosa até mostrar que isso traz algo mais para a mesa.”

As concorrentes da Celgene, Gilead Sciences e Novartis, tem uma vantagem considerável no mercado já que possuem aprovação do FDA para terapias de CAR-T. No ano passado, a Gilead comprou a Kite Pharma por US$ 12 bilhões para ter acesso à tecnologia.

Em resumo, o presidente da Celgene Mark J Alles está animado com a fusão e disse em entrevista: “A aquisição da Juno baseia-se na nossa visão compartilhada para descobrir e desenvolver medicamentos transformadores para pacientes com câncer de sangue incurável. O portfólio avançado de imunoterapia celular da Juno e as capacidades de pesquisa fortalecem a liderança global da Celgene em hematologia e agregam novos impulsionadores para crescimento além de 2020”.





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