O deputado Antônio Jácome (Pode-RN), que é médico e coordenador da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Câncer, afirmou nesta terça-feira (27) que é preciso fazer uma legislação específica sobre o tema. Ele defendeu incentivos para o controle de tumores considerados raros.
“Às vezes, falta o básico para o tratamento de um câncer bem conhecido, imagine para um raro. Como há menos procura, faltam profissionais especializados, o que aumenta a série de dificuldades que levam, infelizmente, muitos pacientes a irem a óbito sem sequer o diagnóstico”, comentou. A declaração foi feita durante seminário realizado na Câmara dos Deputados em alusão ao Dia Mundial das Doenças Raras (28 de fevereiro).
Uma campanha nas redes sociais, lançada durante o evento, tem como slogan a frase: “Câncer Raro. Menos comum, não menos importante”. O objetivo é mobilizar governantes e a sociedade para a gravidade do problema.
A deputada Carmen Zanotto (PPS-SC) mostrou-se preocupada com as dificuldades de tratamento enfrentadas por pacientes e anunciou que vai propor à Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara a realização de uma audiência pública sobre os tipos raros de câncer, com a participação de representantes do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Pesquisas
Especialistas presentes no seminário informaram que mais de cinco mil doenças raras já foram catalogadas em todo o mundo. No caso dos cânceres, são considerados raros aqueles que atingem menos de duas em cada cem mil pessoas anualmente.
Para a oncologista Brenda Gumz, do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, é necessário que o governo incentive as pesquisas sobre os tumores raros. “Reunir especialistas em algumas áreas e conseguir, por exemplo, criar centros especializados em tratar cidadãos com doenças raras”, sugeriu.
Planos de saúde
O encontro também chamou a atenção para histórias de pacientes que tiveram a sorte de terem encontrado médicos que deram o diagnóstico certo e a tempo. Esses cidadãos, no entanto, relataram um problema em comum: a dificuldade de cobertura dos tratamentos pelos planos de saúde.
O comerciante catarinense Alzir Krauss, por exemplo, teve um carcinoma de naso-faringe, sem sintomas e difícil de aparecer nos exames. Curado da doença, ele agora enfrenta o desafio de custear o acompanhamento, que inclui um exame que custa R$ 4 mil a cada dois meses.
“Não é só fazer o Petscan. Terminei a quimioterapia e radioterapia, consegui eliminar o câncer, mas agora tenho de ‘consertar’ o que esse tratamento abalou no meu corpo”, declarou.