Conversamos com Evandro Garcia sobre a maturidade das instituições brasileiras na adoção de tecnologia e sobre o papel do Brasil na estratégia da Philips. Evandro é diretor de vendas, marketing e serviços da multinacional holandesa, e hoje lidera a divisão de Healthcare Informatics da América Latina na empresa. Nesta divisão encontram-se soluções e softwares, como o Tasy, que suportam grande parte das necessidades dos negócios em saúde, como hospitais, operadoras ou laboratórios, por exemplo.
“Eu diria que aqui no Brasil, e na América Latina, nós temos todos os tipos de instituições. Aquelas que estão buscando software para melhorar a sua operação, aquelas que procuram um provedor de tecnologia para desenvolver aplicações, workflows, que consideram a interoperabilidade dos dados e a verticalização dos mesmos em um ambiente digital”, disse o diretor.
Ele enxerga essa transformação como algo muito forte no setor e diz que há segmentos de digital hospitals bastante maduros no Brasil. Dentre os que utilizam o Tasy, software de gestão e prontuário eletrônico, há pelo menos 12 hospitais trabalhando para subir de nível 6 para 7 na certificação HIMSS, e muitos outros níveis 4 e 5 com esse tema de transformação digital na pauta de discussão.
Em geral, há uma movimentação forte entre os hospitais para se conseguir um bom nível de HIMSS. Esse certificado atesta o nível de digitalização que a instituição se encontra. No final das contas, o que se deseja é possuir o máximo de informações possíveis do paciente em nível digital, e ainda reduzir desperdícios de recursos e melhorar o workflow produtivo.
“É um caminho sem volta, os provedores de software hoje tem que desenvolver suas soluções para atender essa questão de responsividade do ponto de vista clínico, serem mais preditivos para que tragam mais acurácia na informação e mais segurança para o paciente principalmente. E isso tudo vai trazer um ganho de eficiência operacional para as instituições muito forte.”, explicou Evandro.
Segundo ele, as instituições, cada vez mais, buscam parceiros de inovação e tecnologia, não somente um fornecedor. O executivo nos dá como exemplo a parceria com o AC Camargo, terceiro maior centro em tratamento de câncer no mundo e, fora do Brasil, a parceria com o Christus Muguerza, sistema de saúde líder em assistência médica privada com presença nos Estado Unidos e América Latina. De acordo com informações à imprensa, a parceria tem como objetivo melhorar a assistência ao paciente mediante uma plataforma de informação inteligente e sólida, como o Tasy, que permite tomar melhores decisões em tempo real.
Já que, ao que parece, existe uma sinergia entre os objetivos de instituições de saúde de forma global – prover mais qualidade com menor custo, focando na experiência do paciente – perguntamos sobre o processo de internacionalização do Tasy, que é uma solução desenvolvida no Brasil e apontada como um dos carros-chefes da Philips.
“O Brasil tem hoje um peso global na estratégia da empresa, não só em América Latina. Quando a Philips tomou a decisão de fazer a compra da solução Tasy, ela entendeu que era necessário uma solução end to end na cadeia hospitalar para poder fazer a gestão com qualidade da informação do dado da saúde. Isso é parte importante da estratégia global da Philips Healthcare Continuing, que consiste em prover soluções pro cuidado da saúde em todas as fases da vida do ser humano. Desde o nascimento, até o home care, passando por diagnóstico, tratamento e obviamente, por prevenção”, contou Evandro.
De acordo com o diretor, a empresa entendeu que precisaria desenvolver mais o produto para atender outros segmentos. “Nessa estratégia fizemos um investimento muito forte, nos últimos anos, para colocar o Tasy em outros segmentos, ampliar e modificar a interface gráfica, usabilidade do software, e também, muito da tecnologia que está por trás. Esse trabalho de desenvolvimento da nova plataforma consumiu os últimos 4 anos da empresa, e ela atende tudo que os mercados globais estão esperando”. O Tasy já possui implantações o Brasil, América Latina, Alemanha, Oriente Médio e Índia.
Nessa adaptação, surgiu um novo segmento, de gerenciamento de saúde populacional, que conta com soluções para doentes crônicos, medicina preventiva, saúde ocupacional e populacional, de forma geral. Essa é a principal aposta da Philips para os próximos anos, promover a gestão dessa necessidade tanto no setor privado quanto no público. Ele disse que há uma grande variedade de possíveis clientes, desde instituições de saúde até empresas privadas. “É um modelo transacional realmente de transformar o modelo assistencial que a gente tem hoje” e completa, “Os pacientes querem se sentir empoderados e esperam uma personalização da saúde”.
De acordo com a conversa, o maior desafio na adoção de sistemas mais robustos é a criação de uma estrutura interna do contratante. Inicialmente, na identificação do que eles esperam ter de informações, resultados de operação, estratégia de crescimento e de investimento. Tendo essas premissas organizadas, a instituição pode avaliar o custo-benefício de cada opção no mercado.
Em sua opinião, há uma tendência forte de industrialização da saúde em grandes grupos, até mesmo com fundos de investimentos fazendo aquisições em serviços de saúde. “O objetivo desses grupos é obviamente otimizar os custos e alcançar o máximo de qualidade no atendimento, com uma lucratividade adequada para saúde. Não se faz isso sem ter uma integração end to end da cadeia produtiva da instituição e, para isso, um software integrado é fundamental. Então o que eu tenho visto é que instituições melhor estruturadas ou que já tenham uma solução de software bem implantada e de governança da informação bem montada, são, sem dúvida, mais atrativas para o mercado.”
Em particular na solução da Philips, Evandro diz que o software não é só importante para gerar dados de qualidade na saúde. Ele também é parte fundamental para a transformação do processo produtivo, já que na implantação é possível desenhar o fluxo desejado. Além disso, há a questão do apoio da consultoria, que auxilia na reorganização dos processos.
A maior vantagem, que o executivo enxerga, na entrega de valor para o cliente é a integração dos produtos da empresa, tanto em equipamentos médicos quanto em software. Ele cita o exemplo de uma ressonância magnética conectada a um pós processador de imagens e a um prontuário eletrônico. E ainda tudo isso integrado aos monitores de UTI, com todos os dados digitalizados, promovendo segurança para o paciente no tratamento, ganho operacional e eficiência. “O que os hospitais querem é ter um equipamento de alta tecnologia, boa qualidade e desenvolvimento, com boa oferta de serviços. Mas o que eles buscam, na verdade, é gerir o máximo possível, com maior eficiência, as suas informações administrativas e clínicas. É isso que o mercado quer, é disso que o mercado precisa.”, finaliza.
Por fim, ele traduz que todos os esforços feitos pela Philips são regidos pela meta da empresa. “A nossa missão é transformar e impactar a vida de 3 bilhões de pessoas até 2025. Nós medimos isso pelo número de pessoas que passam por nossos equipamentos ou que estão em um hospital que tem o nosso prontuário cuidando deles. Nós temos buscado esse número de uma maneira muito forte porque acreditamos que essa é a principal função da empresa, fornecer soluções.”