Reduzir poluição pode evitar 153 milhões de mortes prematuras
21/03/2018
Até 153 milhões de mortes prematuras associadas à poluição atmosférica podem ser evitadas em todo o mundo neste século se os governantes acelerarem as medidas para reduzir as emissões de combustíveis fósseis, alega estudo da Universidade de Duke publicado no site da revista Nature. 

O trabalho é o primeiro a projetar o número de vidas que poderiam ser salvas, cidade por cidade, considerando as maiores áreas urbanas do planeta, caso as nações concordassem em diminuir emissões e em limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C no futuro próximo, em vez de deixar para depois, como alguns países têm sugerido.

As mortes prematuras reduziriam em todos os continentes, com maiores ganhos na Ásia e na África. Kolkata e Déli, na Índia, lideram a lista das cidades que mais se beneficiariam com os cortes de emissão: até 4,4 milhões e 4 milhões de vidas, respectivamente, seriam poupadas, de acordo com as projeções do estudo. Treze outros municípios asiáticos ou africanos poderiam evitar mais de 1 milhão de óbitos prematuros, e cerca de 80 cidades poupariam ao menos 100 mil mortes. O trabalho também mostra que quase 50 regiões urbanas em outros continentes teriam ganhos significativos, sendo que seis — São Paulo, Moscou, Cidade do México, Los Angeles, Pubela e Nova York — potencialmente teriam de 320 mil a 120 mil menos óbitos prematuros.

As novas projeções destacam o risco de se adotar abordagens de corte reduzido de emissões, que permitem a manutenção da alta circulação de dióxido de carbono e poluentes associados, diz Drew Shindell, professor da universidade e um dos autores do estudo. “A abordagem de baixo custo só enxerga o preço de transformar o setor energético e ignora o custo humano de mais de 150 milhões de vidas perdidas, ou o fato de que reduzir as emissões no curto prazo reduziria também o risco climático em longo prazo e evitará a dependência em CO2”, diz. “Essa é uma estratégia muito arriscada, como comprar algo no crédito assumindo que um dia você terá uma renda alta para conseguir pagar”, compara.

Simulações

Shindell conduziu o estudo com Greg Faluvegi, da Universidade de Columbia e da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), e com dois estudantes de Duke. O trabalho foi publicado na revista Nature Climate Change. Para realizar a pesquisa, a equipe fez simulações de emissões futuras de dióxido de carbono e poluentes associados, como ozônio e matéria particulada, em três diferentes cenários.

O primeiro simulou os efeitos de se acelerar as reduções de emissões até o restante do século 21. O segundo testou o que ocorreria se fosse permitido emitir um pouco mais de CO2 em curto prazo, mantendo, porém, a diminuição gradativa até o fim do século, de forma a limitar o aumento de temperatura a 2ºC acima dos níveis pré-industriais. 

O terceiro cenário encenou os efeitos de uma abordagem ainda mais acelerada, na qual as emissões em curto prazo são reduzidas a um nível que evitaria que o aumento na temperatura do planeta ultrapassasse 1,5ºC.

Os pesquisadores, então, calcularam os impactos à saúde humana da exposição à poluição sob cada cenário em todo o mundo, mas focando nos resultados obtidos nas maiores cidades. 

Para isso, usaram modelos epidemiológicos bem estabelecidos e dados de saúde pública sobre mortes associadas à contaminação do ar. “Como a poluição atmosférica é algo que entendemos muito bem e temos dados históricos extensivos sobre ela, podemos dizer, com relativa certeza, quantas pessoas vão morrer em determinadas cidades sob cada cenário”, explica Shindell. “Esperamos que essa informação ajude formuladores de políticas públicas e a população a compreender os benefícios de acelerar as reduções de carbono em curto prazo.”




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