Patricia Ellen: Inteligência de dados além de buzzwords
18/06/2018

Essa semana conversamos com Patrícia Ellen, Presidente do Brasil da Optum, no 1º Optum Summit – Research Analytics. Na abertura, Patrícia mostrou aos convidados algumas tendências relacionadas ao setor, como envelhecimento populacional, avanço de doenças crônicas e o desafio das doenças infecciosas tropicais. Além disso, os convidados puderam conhecer um pouco mais da estrutura da empresa, que possui quatro verticais: Healthcare Economics, que lida com gestão de eficiência e redução de custo médico; Clinical Analytics, que visa melhorar o desfecho clínico e aplicação de Value Based Healthcare; Life Sciences & Research, que aplica a tecnologia em pesquisas complexas e Individual Health Records, para analytics com foco no indivíduo. Todas capacidades são apoiadas transversalmente por técnicas de inteligência artificial e machine learning.

Para instigar a plateia sobre o tema, Patricia mostrou a informação de que foram gerados mais dados nos últimos dois anos do que em toda a história da humanidade antes desse período. “Não é só processar mais, é processar em um custo efetivo”, disse ela. “O foco da Optum no Brasil é ser uma grande inovadora em ciência de dados aplicados para a saúde e gestão de saúde populacional”

Patricia é ex-partner da McKinsey, e realizou a transição para a empresa de tecnologia em janeiro deste ano. “Eu não estava esperando sair da McKinsey. Eu gostava muito do trabalho que eu fazia como consultora. Acho que o meu maior compromisso hoje é com o impacto.” Ela conta que, após o convite da Optum, refletiu que fazia todo sentido transformar o sistema de saúde utilizando tecnologia e analytics. “Não tem lugar melhor, se formos pensar em impacto potencial para contribuir para essa transformação necessária no sistema de saúde brasileiro, senão numa organização que tem ciência de dado e tecnologia como centro, e em especial, nesse caso a Optum”

A empresa faz parte do conglomerado da UnitedHealth Group, listada em 5º lugar pela Fortune. Além da Optum, fazem parte no Brasil as empresas Amil e Américas. Patricia revela que, apesar do portfólio semelhante entre os EUA e o Brasil, existem algumas diferenças. A Optum pode se considerar nova no mercado brasileiro, e talvez por isso ainda esteja caminhando para chegar aos grandes número americanos.

Um exemplo foi a adaptação de analytics para modelos de pagamento à realidade brasileira. “Adaptar não só o foco, mas também a forma de trabalhar. O tema de pagamento baseado em valor é uma questão prioritária no mundo inteiro, e, no caso do Brasil, nós percebemos que ainda está muito cedo para fechar qual será o modelo de pagamento.”, explica Patricia e continua, “Hoje o que os hospitais e clinicas não têm é uma boa metodologia de gestão de complexidade, qual é o modelo de coordenação do cuidado mais adequado – e isso resolve questões relacionadas à gestão baseada em valor.”

A ideia é aproveitar as informações existentes e criar um modelo de analytics para minimizar o trabalho e, dentro da realidade do médico, por exemplo, plugar uma camada de analytics. Assim é possível gerar relatórios gerenciais que, de fato, facilitem a sua vida na coordenação de cuidados, de forma simples e intuitiva de se utilizar.

“Nós entregamos inteligência de dados. Para mim era o que mais faltava nas organizações: criar uma linguagem de inteligência de dados que não seja só buzzwords: inteligência artificial, big data… Quando falamos disso, há uma grande responsabilidade envolvida, porque estamos falando da gestão de dados muito valiosos. É a inteligência de dados aliada a uma gestão e governança transparente desse processo”, diz a executiva.

Outro ponto frisado por Patricia foi a atuação holística da Optum com os funcionários através das empresas. Fazem parte da gestão populacional alguns serviços específicos de saúde emocional, nutricional e, inclusive outros serviços que melhoram a qualidade de vida dos funcionários, como, por exemplo, apoio em questões contábeis e jurídicas. “O foco do trabalho é melhorar a qualidade de vida, motivação e produtividade dos funcionários. Eu acredito muito nessa linha de serviço. Porque um dos nossos compromissos na saúde populacional é atuar com a pessoa antes que ela vire um paciente. As empresas que congregam um grande número de funcionários têm uma oportunidade e responsabilidade de contribuir nessa gestão, nesse modelo de prevenção e promoção da saúde. E isso tem um impacto enorme na motivação e retenção dos funcionários. Não é um trabalho somente pelo impacto social nas organizações, é um impacto para a saúde do negócio. E acho que é um caminho fundamental para os empregadores se engajarem. Os departamentos de RH estão fazendo o que podem, mas os presidentes das organizações devem estar envolvidos nesse processo também.”

Alinhado com o tema do Saúde Business Fórum 2018, do qual Patricia participou, ela faz um balanço sobre as habilidades do Futuro do Trabalho e como fazer a ponte entre pessoas que entendem de tecnologia e àquelas que entendem de gestão, e além disso, como o setor em si pode integrar essa demanda. “Acho que a primeira coisa é nos juntarmos para pensar sobre o assunto. E dentro das organizações, é colocar a ciência de dados no centro, como uma funcionalidade muito estratégica. Trazer talentos para formarem essa competência dentro das organizações, colocar a gestão populacional na pauta”

A entrevista finaliza com a executiva contando as suas preocupações atuais. “Eu continuo querendo transformar o setor da saúde brasileiro, continuo tendo o mesmo compromisso e acreditando que tecnologia e analytics são uma grande alavanca para fazer isso acontecer. Após mudar o meu chapéu de consultora para executiva, o que tira o meu sono são os meus talentos. Como eu faço uma gestão que a gente atraia as melhores pessoas?”.





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