A Libbs, uma das maiores indústrias farmacêuticas brasileiras, firmou um contrato com o Hospital Albert Einstein para a elaboração de pesquisas clínicas, numa iniciativa que reforça o investimento nacional nessa área e pode representar importante avanço para a atividade no país.
Tradicionalmente, estudos conduzidos para registro de medicamentos são desenhados por organizações internacionais. Com a parceira, que envolve a recém-inaugurada unidade de serviços de pesquisas clínicas do Einstein, a Academic Research Organization (ARO), esses protocolos serão desenvolvidos localmente e com maior velocidade.
"Para a pesquisa clínica avançar no país, é preciso ter esse conhecimento", diz a diretora de relações institucionais da Libbs, Márcia Bueno. Anualmente, o laboratório investe 10% da receita líquida em pesquisa e desenvolvimento - em 2017, a receita foi de R$ 1,3 bilhão. Somente nas pesquisas clínicas que estão começando agora, os investimentos totalizam R$ 30 milhões.
Conforme a executiva, o contrato com o Einstein engloba dois estudos com o Zedora, biossimilar usado no tratamento de câncer de mama, com duração de três a cinco anos. Nesse caso, o objetivo é obter dados de vida real após o registro, prática que tem sido muito comum pela indústria farmacêutica nos Estados Unidos. 'É uma avaliação, na prática, do tratamento", explica.
Há planos ainda de conduzir em parceria estudos multicêntricos - que parte de um mesmo protocolo e envolvem diferentes instituições - nas áreas de cardiologia e oncologia. Neste momento, a Libbs tem sete projetos em estágio inicial, dos quais cinco em fase de discussão do protocolo com o Einstein.
Segundo o vice-presidente de pesquisa e inovação do Einstein, Nelson Wolosker, a unidade ARO representa o projeto maior da sociedade em pesquisa. "Ao olhar para o mercado americano, percebemos que poderíamos fazer o que as CROs [organização independente que participa da pesquisa clínica] fazem, mas com o desenvolvimento intelectual do estudo", explica.
O Einstein foi a primeira organização brasileira a implantar um centro acadêmico de excelência voltado à coordenação de estudos clínicos multicêntrico, desde o desenvolvimento da pesquisa até a publicação do trabalho em veículos internacionais de referência.
Além da Libbs, a Aro do Einstein tem dois contratos com o governo federal - incluindo o desenvolvimento de uma polipílula para diabetes, hipertensão e colesterol - e desenvolve um projeto com a AstraZeneca. No total, são oito contratos em andamento, em etapas diferentes.