Novo estudo de brasileiro contribui para o avanço do entendimento do autismo
04/09/2018
Um estudo publicado recentemente na revista americana Developmental Neurobiology, desenvolvido em colaboração pelo pesquisador Dr. Roberto Herai, revelou a relação do gene SETD5 com a presença de sintomas de Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) e outras desordens correlacionadas ao neurodesenvolvimento. Na pesquisa, foram avaliados dados de 42 indivíduos portadores de diferentes tipos de mutações, todas envolvendo o gene SETD5, e foi observado que 23,8% apresentaram características autistas.

De acordo com o Dr. Herai, foi possível identificar durante o estudo que, em pessoas do sexo masculino, mutações no gene SETD5 sempre apresentam alta penetrância, isto é, causam problemas neurológicos, como TEA. Porém, quando as mutações foram encontradas em mulheres, os sintomas foram bastante variados ou ausentes. “Há casos de pessoas do sexo feminino que não apresentaram manifestações da doença mesmo possuindo mutações no gene SETD5. Contudo, em alguns dos casos, as mães portadoras passaram a mutação para seus filhos do sexo masculino, que passaram a apresentar sintomas de autismo ou outras condições correlatas. Esta observação reforça a ideia de que mutações neste gene causam TEA nos homens”, conta o cientista.

O Dr. Herai é cofundador da TISMOO, primeiro laboratório do mundo dedicado à medicina personalizada com foco no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e outros transtornos neurológicos de origem genética, e realizou esse estudo em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

O pesquisador explica ainda que os achados correlacionando mutações no gene SETD5 com TEA podem também ser importantes para ajudar na compreensão de outras condições neurológicas associadas ao transtorno. Isso porque, tanto a nível molecular quanto celular, diferentes tipos de mutações genéticas podem causar sintomas similares. A compreensão de tais alterações poderá fornecer pistas na busca de drogas que atuem nas mesmas vias que estejam modificadas em outras condições correlatas que interferem no correto funcionamento do cérebro, como a Síndrome do X Frágil.

Entenda a Síndrome

A Síndrome do X Frágil (SXF) também é uma condição do neurodesenvolvimento associada com TEA que afeta aproximadamente um em cada 4 mil homens e uma em cada 6 mil mulheres. “Podemos dizer que as mulheres ficam mais ‘protegidas’ que os homens, pois elas apresentam dois cromossomos X (um herdado da mãe e outro do pai), enquanto os homens recebem apenas um X que é herdado da mãe, e do pai herdam um cromossomo Y. Desta forma, nos homens, caso o cromossomo X herdado da mãe esteja afetado pela síndrome, não existirá um segundo X para compensar o cromossomo com a mutação que corresponde a uma expansão de repetições CGG no gene FMR1, e, assim, atenuar os sintomas da síndrome”, explica o Dr. Herai.

A Síndrome do X Frágil, que ganhou o nome por causa do cromossomo X, é uma condição genética de caráter dominante e hereditária pouco conhecida, em que o portador apresenta alguns sinais de TEA, como deficiência intelectual, atraso no desenvolvimento motor, problemas de comportamento e emocionais, e algumas características físicas.

Além de características autistas, os sintomas variam muito de acordo com a faixa etária dos pacientes e, na maioria dos casos, a síndrome é presente desde o nascimento. Alguns apresentam macrocefalia, face alongada, problemas de visão, céu da boca alto, hiperextensão articular, otites recorrentes, entre outros.

Ainda existem divergências de qual o melhor tratamento para estes casos. Estudos recentes, também em parceria com a PUCPR, devem resultar em informações que possam auxiliar no tratamento de pacientes com X Frágil. “Tratamentos direcionados para os sintomas, incluindo problemas comportamentais de cada paciente, são bastante utilizados e conhecidos, porém a eficiência varia de acordo com as características de cada indivíduo. Desta forma, o que queremos é identificar formas eficientes de mapear tratamentos personalizadas nos diferentes casos, levando em consideração a individualidade genética de cada um”, finaliza o pesquisador.
 




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