150 minutos de exercícios são suficientes para retardar Alzheimer
18/10/2018

Para portadores de uma rara mutação genética que causa a doença de Alzheimer, praticar pelo menos duas horas e meia de atividade física por semana pode ter efeitos benéficos nos marcadores de alterações cerebrais que caracterizam essa enfermidade neurodegenerativa, além de atrasar o declínio cognitivo. Foi o que constataram pesquisadores do Hospital Universitário de Tübingen, na Alemanha, que relataram as descobertas na revista Alzheimer’s & Dementia, da Associação de Alzheimer.

Segundo os autores do artigo, os resultados reforçam o benefício da atividade física na cognição e no retardamento da progressão da demência, mesmo em indivíduos com doença de Alzheimer autossômica dominante (ADAD), uma forma genética rara da enfermidade, na qual ela surge em pessoas relativamente jovens. No trabalho, os pesquisadores afirmam que a duração da atividade física oficialmente recomendada — 150 minutos por semana — foi associada com uma cognição “significativamente melhor”, além de menos traços patológicos da doença em pacientes de ADAD.

“Os resultados do estudo são encorajadores, e não apenas para indivíduos com doença de Alzheimer rara causada geneticamente”, afirma Maria C. Carrillo, diretora científica da Associação de Alzheimer. “Se pesquisas adicionais confirmarem essa relação entre atividade física e o aparecimento tardio de sintomas de demência no ADAD, então, precisaremos expandir o escopo desse trabalho para ver se ele também é verdadeiro para milhões de pessoas com Alzheimer de início tardio, a forma mais comum”, acredita.

Melhor cognição

Christoph Laske, do Hospital Universitário de Tübingen, Alemanha, analisou dados de 275 indivíduos com idade média de 38,4 anos, portadores de uma mutação genética para ADAD, que participam da Rede Dominante de Mal de Alzheimer (Dian), um observatório internacional de estudo de indivíduos e famílias com ADAD liderado por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis.

Os pesquisadores tentaram determinar se ao menos 150 minutos de atividade física (caminhada, corrida, natação, aeróbica etc.) por semana — a recomendação atual da Organização Mundial da Saúde — produziria benefícios cognitivos. Cento e cinquenta e seis participantes foram classificados como indivíduos de alta atividade física (praticavam mais de 150 minutos/semana) e 68 como pessoas com baixa atividade física (praticavam menos de 150 minutos/semana). A intensidade do exercício não foi medida, mas o tipo e a frequência foram corroborados por uma fonte, como um membro da família ou um amigo.

Os pesquisadores descobriram que os indivíduos que se engajaram em mais tempo de atividades pontuaram melhor no Miniexame do Estado Mental (MMSE) e na Soma de Classificação Clínica da Demência (CDR-SOB), que são medidas-padrão sobre cognição e função bem-aceitas na comunidade médica. Da mesma forma, aqueles que se exercitaram mais apresentaram níveis menores de biomarcadores da doença de Alzheimer no líquido cefalorraquidiano, incluindo a tau, uma proteína que se acumula nos cérebros das pessoas que vivem com o mal.

“Um estilo de vida fisicamente ativo é viável e pode desempenhar um papel importante em retardar o desenvolvimento e a progressão do Alzheimer. Indivíduos com risco genético para demência devem, portanto, ser aconselhados a buscar uma vida mais ativa”, escreveram os autores do estudo.

Outras constatações

Segundo Maria C. Carrillo, há um crescente e cada vez mais forte corpo de evidências científicas sobre o impacto benéfico de fatores associados ao estilo de vida na redução do risco e, até mesmo, na prevenção do declínio cognitivo e da demência. “Por exemplo, no Congresso Internacional da Associação de Alzheimer, em julho deste ano, ouvimos os resultados preliminares do Sprint Mind, o primeiro ensaio clínico randomizado que demonstra que o tratamento de hipertensão reduz novos casos de comprometimento cognitivo leve (MCI). Isso mostra que a futura terapia de Alzheimer deverá ser uma combinação de remédios e intervenções nos fatores de risco modificáveis, o que fazemos agora com as doenças cardiovasculares”, ilustra.





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