Capitais abrigam 55% dos médicos do país
03/12/2018

Recentemente, o governo de Cuba decidiu encerrar sua participação no programa Mais Médicos. Hoje, dos 16 mil profissionais participantes, cerca de 8.000 são cubanos. Mas repor esse contingente não será tarefa fácil para o governo federal. Mais da metade dos 450 mil médicos brasileiros (55%) atua nas capitais dos 26 Estados e do Distrito Federal, onde se concentra apenas um quarto da população de todo o país (23,8%).

Os dados são do relatório “Demografia Médica no Brasil 2018”, feito pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, que mostra Belo Horizonte na terceira posição do ranking entre essas cidades, com 7,2% dos profissionais (17.906), atrás do Rio de Janeiro (15,3%) e de São Paulo (24,1%). Já as capitais com o menor número desses profissionais são Macapá (AP), Boa Vista (RR) e Rio Branco (AC), que abrigam somente 0,3% do total.

Nos municípios do interior, Minas está na vice-liderança dos Estados: 15,1% (30,7 mil). Em primeiro lugar se destaca São Paulo, correspondendo a 32,9% (66.753).

Escolha

O levantamento revela que, para os médicos recém-formados, as condições de trabalho são determinantes para a escolha da cidade onde vão atuar: 84% afirmam considerar esse como o principal requisito. O segundo motivo mais citado (74,5%) são as condições de vida do município onde exerceriam a profissão.

Em seguida, aparece a remuneração para o cargo, considerada por 68,9% dos entrevistados. Para os pesquisadores, isso explicaria por que esses profissionais preferem as capitais e as cidades mais desenvolvidas aos municípios do interior do país.

O documento observa, ainda, que, “nas taxas de médicos por habitantes, o Brasil é um país de extremos, com cidades tão desprovidas de médicos quanto algumas localidades de países africanos. Já os municípios entre 100 mil e 500 mil moradores têm razão próxima à de cidades de países desenvolvidos. E, naquelas acima de 500 mil, a proporção médico/habitante muitas vezes supera a de capitais das nações europeias ricas”, diz o levantamento.

Já nos 1.235 municípios com até 5.000 habitantes, a proporção é de 0,3 médico por mil habitantes. Nas que possuem população que varia de 100 mil a 500 mil (são 268 cidades), o número salta para 2,14. Nos 42 municípios brasileiros com mais de 500 mil, a razão é de 4,33 médicos por mil moradores.

Problema está na falta de estrutura

Quando o assunto é o atendimento na saúde pública, é comum que a população reclame, e muito, da falta de médicos. Mas, para Cláudia Navarro, presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), o problema estaria na falta de estrutura para que eles atuem nas cidades do interior.

“Tanto em Minas Gerais quanto no restante do país, o número de médicos é mais do que suficiente para atender a população. O que os impede, nesse caso, é que não há condições mínimas de trabalho, boa remuneração e estabilidade do emprego, já que a maioria das vagas é disponibilizada por meio de contrato com as prefeituras, e não por concurso público”, diz.

Para ela, uma das principais soluções para a situação seria criar um plano de carreira. “O médico que passa no concurso seria enviado, primeiramente, para o interior. Mas com a garantia de que pudesse voltar para a capital depois de alguns anos”, opina.

Flash

Formação. Com base em dados do Ministério da Educação, o relatório “Demografia Médica no Brasil 2018” aponta que, atualmente, o país tem 289 cursos de medicina. Juntos, eles oferecem 29.271 vagas.

Fonte: Anahp




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