O Fleury fechou, ontem, a aquisição da rede de laboratórios de análises clínicas Lafe, que possui 32 unidades no Rio de Janeiro, por R$ 170 milhões. A Lafe pertencia ao médico João Renato Silveira, que também é dono da ProEcho, rede carioca de exames de imagem, mas esse negócio continua sob sua administração. As duas redes de medicina diagnóstica eram tratadas como sendo do mesmo grupo.
Com a aquisição, o Fleury passa a ter 83 unidades no Rio, segunda praça mais importante para o grupo. "As unidades da Lafe estão situadas em locais complementares às regiões ou cidades em que temos as nossas", disse Carlos Marinelli, presidente do Fleury. No Rio, a companhia opera com as bandeiras Lab's a+ e Felippe Mattoso, que atendem, respectivamente, os públicos intermediário alto e premium.
Os recursos da aquisição virão do caixa do Fleury que, no terceiro trimestre, era de quase R$ 900 milhões.
Questionado sobre as dificuldades do mercado carioca, que acabaram motivando Silveira a vender parte do seu negócio, o presidente do Fleury argumentou que o setor de saúde no Rio está se recuperando. "A Unimed-Rio [maior operadora local] se fortaleceu e nós crescemos 17% no Rio de Janeiro no terceiro trimestre", disse.
Ainda segundo Marinelli, há boas expectativas de melhora de margem operacional da Lafe, uma vez que a rede terceirizava o processamento de exames de análises clínicas e agora essa etapa será realizada pelo próprio Fleury. Nos últimos 12 meses, a receita da Lafe foi de R$ 70 milhões e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) não foi revelado. Em entrevista concedida ao Valor em junho deste ano, Silveira informou que o Ebitda de todo o grupo (Lafe e ProEcho) somava R$ 11 milhões.
Com a venda da Lafe para o Fleury, Silveira volta as suas origens: o médico fundou a ProEcho em 1989. Alguns anos depois a ProEcho se associou à rede MD1 que, por sua vez, fechou uma fusão em 2010 com a Dasa - maior rede de medicina diagnóstica do país, dona de marcas como Delboni Auriemo e Alta Diagnósticos. Na época dessa transação, o médico preferiu deixar a companhia que se formou a partir da união entre Dasa e MD1. Três anos mais tarde, o Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade) aprovou o negócio, mas exigiu a venda de ativos com faturamento de R$ 110 milhões.
Esses ativos correspondiam a 14 laboratórios da ProEcho e 18 unidades do Sérgio Franco, cuja bandeira foi alterada para Lafe, e que foram compradas por Silveira em 2015. Na época, o médico desembolsou R$ 66 milhões após um processo competitivo com gestoras de private equity como Gávea e Pátria. "O João Renato decidiu ficar com imagem, do qual é mais ligado", disse Marinelli.