Retrocesso nos índices de vacinação contra o sarampo é inaceitável
19/02/2019

Segundo o Ministério da Saúde, quase 50% dos municípios brasileiros não atingiram meta

Os números são preocupantes. Pelo menos três estados — Amazonas, Pará e Roraima —já registraram surtos de sarampo. Mas o risco não fica restrito apenas a estas unidades da Federação. Isso porque a cobertura está baixa em todo o país. Segundo o Ministério da Saúde, dos 5.570 municípios, 2.751 (49%) não atingiram a meta de vacinação contra a doença, que é de 95%. Mesmo nos estados onde há transmissão ativa do vírus, como os da Região Norte, os índices são desanimadores. No Pará, a grande maioria das cidades (83%) ainda não protegeu seus moradores; em Roraima, 73%, e, no Amazonas, 50%.

A situação levou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a lançar um alerta na semana passada sobre a gravidade da situação. “Nós vamos ter que refazer o pacto sobre vacina neste país”, disse. Na verdade, as autoridades de saúde tentam evitar um quadro previsível. Embora este ano tenham sido confirmados apenas três novos casos (no Pará) —, os dados do ano passado são eloquentes. Foram mais de 10 mil notificações em 11 estados, sendo a grande maioria (90%) no Amazonas. Segundo o ministério, os casos se intensificaram entre junho e agosto. A partir de  setembro, começaram acair. Oque não significa que não voltarão a subir, especialmente num cenário de baixa imunização.

Lembre-seque, em 2016, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) concedeu ao Brasil o certificado de eliminação do sarampo, condição que o país teme perder.

Esse fenômeno que combina o aparecimento de novos casos com baixos índices de vacinação não é exclusivo do Brasil. Como mostrou reportagem do GLOBO, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem alertado para um retrocessona prevenção da doença, diante de estatísticas cada vez mais desfavoráveis —o número de casos aumentou 50% em um ano, e, na Europa, chegou a triplicar no mesmo período. Parte do problema, segundo a OMS, pode ser atribuído a grupos antivacina, que espalham, principalmente pelas redes sociais, informações falsas sobre a imunização, não só em relação ao sarampo.

Especialistas dizem que vacina é a única maneira de protegera população e evitar que a doença se espalhe. E, pelo que se sabe, não há falta de doses no país. Portanto, governo federal, estados e municípios precisam adotar estratégias para atingir as metas de vacinação. Se há fake news, que se criem campanhas para combatê-las. Se a população não vai aos postos, que se levem os postos até ela, como São Paulo vem fazendo coma febre amarela, oferecendo as doses no transporte público. Certamente isso tem um custo, mas é menor do que o do aumento do número de casos.

Fonte: O Globo




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